Foi através de uma publicação na rede social Facebook, que o Instituto da Terra, organização não-governamental (ONG) fundada por Sebastião Salgado, que o anúncio foi feito: “Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador”.

“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, lê-se no post.

Na hora da despedida, o Instituto da Terra deixa ao fundador a promessa de honrar o seu legado, “cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar. (…) Hoje e até sempre".

O fotógrafo de dupla nacionalidade francesa e brasileira tinha 81 anos. A Academia de Belas Artes francesa também já lamentou a perda “do colega Sebastião Salgado” e partilha imagens únicas captadas pelo fotógrafo.

Nascido a 8 de fevereiro de 1944, em Aimorés, Minas Gerais, Sebastião Salgado formou-se em Economia mas a carreira de fotógrafo que iniciou em 1973 em Paris levou a melhor.

Em 1993 expôs em Portugal, na inauguração do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, onde mostrou cerca de 250 imagens.

Foi fotógrafo das agências de fotografia Sygma, Gamma, e Magnum, e com a mulher fundou a Amazonas Images e o Instituto Terra para a reflorestação da Mata Atlântica brasileira.

Conhecido pelo seu trabalho documental e por fotografar em preto e branco, Sebastião Salgado foi laureado com os principais prémios de fotografia do mundo e morreu no dia em que é inaugurada a exposição "Venham Mais Cinco - O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa (1974--1975)", em Almada, que inclui fotos suas tiradas durante a revolução.

Exposição em Almada até agosto

A agência Lusa recorda que a partir deste sábado, dia 24 e até 24 de agosto, 200 fotografias que espelham o olhar de 30 fotógrafos e fotojornalistas estrangeiros sobre a revolução de Abril vão estar em exposição em Almada, em frente à antiga Lisnave - Parque Empresarial da Mutela.

A exposição "Venham Mais Cinco -- O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa (1974--1975)", com curadoria de Sérgio Tréfaut e consultoria histórica de Luísa Tiago de Oliveira, é inédita em Portugal reunindo imagens de fotógrafos e fotojornalistas de França, Alemanha, Brasil, Itália, Países Baixos e da então Checoslováquia, publicadas em jornais e revistas de todo o mundo.

Sebastião Salgado é um dos fotógrafos representados na mostra.

Nos dias 24, 25 e 31 de maio estão previstas visitas comentadas por alguns dos autores das imagens, nomeadamente Jean-Claude Francolon, Fausto Giaccone, Michel Puech, Jean-Paul Paireault e Alain Mingam.

O “importantíssimo legado” de Sebastião Salgado

Em comunicado enviado ás redações, a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, expressa “profundo pesar” pela morte de Sebastião Salgado, detsacando o “importantíssimo legado” que Sebastião Salgado deixa.

“Com um percurso mundialmente reconhecido, Sebastião Salgado, através das imagens que nos legou, registadas a preto e branco, deixou um importante contributo no campo artístico, no fotojornalismo e na área documental”, lê-se na nota de pesar, na qual a ministra recorda também que o fotógrafo fundou o Instituto Terra, “ONG dedicada à reflorestação e à recuperação da biodiversidade da Mata Atlântica, ao desenvolvimento rural sustentável e à educação ambiental”.

“Aos seus familiares e amigos, apresento as minhas sentidas condolências”, termina.

Com LUSA

[Notícia atualizada às 17:30]