
O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Paulo Rangel, assegurou hoje que Portugal não exporta armas para Israel, referindo-se a um possível embargo da União Europeia (UE) devido à situação humanitária em Gaza.
"No caso de Portugal, essa questão [do embargo das armas] não se põe porque desde que há um Governo da AD - não foi assim com os governos socialistas -- tem recusado todos os pedidos de exportação de armas ou material de duplo uso para Israel", garantiu o ministro, em declarações após a reunião dos chefes da diplomacia da UE, dominada pela situação no Médio Oriente.
O ministro acrescentou que recusou "um pedido que estava pendente de exportação de armas para Israel" no primeiro dia em que entrou no Palácio das Necessidades, sede do MNE.
"Ao contrário de outros países, que pedem a suspensão [das exportações], nós já temos essa medida tomada há muito tempo.
Na agenda dos trabalhos esteve o debate sobre a eventual suspensão do acordo de cooperação UE- Israel, que Rangel não defende para que seja mantida uma via diplomática entre Bruxelas e Telavive.
Paulo Rangel, por outro lado, não tem dúvidas de que Telavive violou na faixa de Gaza as regras do direito humanitário internacional, sugerindo a adoção de medidas no âmbito comercial do acordo entre a UE e Israel.
O fundamental, defendeu Paulo Rangel, é fazer chegar ajuda humanitária às pessoas que estão numa situação de grande privação e também de cuidados de saúde, nomeadamente crianças e idosos.
"Temos aqui duas emergências e é com estas que temos de trabalhar", acrescentou, em declarações aos jornalistas, sublinhando que a ajuda que Israel está já a deixar entrar na Faixa de Gaza "é manifestamente insuficiente".
O ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, causou a morte de 1.219 pessoas, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns do lado israelita, de acordo com um balanço da AFP realizado com base em números oficiais.
A ofensiva israelita na Faixa de Gaza causou mais de 55.000 mortes, até sábado, e mais de 131 mil feridos desde o início do conflito, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
Atualmente, a situação humanitária na Faixa de Gaza é dramática devido aos ataques de Israel e agravada por quase três meses de bloqueio da entrada da ajuda humanitária e problemas na distribuição deste a reabertura da passagem de camiões.