
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, sublinhou na quarta-feira que o Governo continua confiante no crescimento da economia acima dos 2% em 2025, e que em 2026 mantenha um superávit, apesar das previsões contrárias da Comissão Europeia.
"[A estimativa de 2,4%] Não está descartada, mas é mais exigente. Em todo o caso, os números que temos apontam para crescimento acima de 2% com toda a incerteza que existe, recessão nos EUA, tarifas muito elevadas, ou seja, vários fatores de incerteza", sublinhou Miranda Sarmento, na "Grande Entrevista", na RTP3, conduzida pelo jornalista Vítor Gonçalves.
O governante, que não se comprometeu com um número em concreto, referiu que a Comissão Europeia reviu em baixa crescimento de todos os países, por não saber o efeito da incerteza internacional e efeito das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos.
Bruxelas mais pessimista que Governo prevê regresso a défice em 2026
A Comissão Europeia estimou que Portugal irá conseguir um excedente orçamental de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, que se transformará num défice de 0,6% em 2026, segundo as previsões económicas de primavera divulgadas na segunda-feira.
Estas projeções representam uma revisão em baixa face às previsões de novembro, quando Bruxelas perspetivava um excedente de 0,4% este ano, e são também mais pessimistas do que as estimativas inscritas no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).
Ao mesmo tempo, o executivo comunitário reviu em baixa as previsões para o crescimento da economia portuguesa este ano, para 1,8%, mas está agora confiante de que o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer 2,2% em 2026.
Para Miranda Sarmento, entre a "recuperação do consumo, números positivos do turismo, o acelerar do investimento privado com grandes projetos aprovados nos últimos tempos e o acelerar do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] há condições para economia crescer acima de 2%" em 2025.
Sobre o excedente orçamental, o ministro das Finanças destacou que o Governo continua a prever um superávit para 2025 e 2026, destacando que para 2026 "é mais exigente".
"Temos para 2026, por um lado, incerteza ponto de vista internacional e um exercício orçamental mais exigente, sempre disse isso, devido ao efeito pontual de 3 mil milhões de euros de empréstimos do PRR", apontou, lembrando que é despesa sem receitas.
Ministro defende que aumento na Defesa não pode comprometer o estado social
Questionado sobre o aumento da despesa de Portugal em Defesa, Miranda Sarmento frisou que irá decorrer uma cimeira da NATO, em junho, onde serão tomadas decisões, apontando para o atual compromisso de Portugal, de atingir 2% do PIB em 2029.
Na semana passada, o secretário-geral da NATO estimou que todos os Estados-membros podem estar a gastar 2% do seu PIB em defesa antes da próxima cimeira de líderes, acrescentando que "aguardava ansiosamente" o desfecho das eleições legislativas em Portugal.
"É possível que tenha que ser antecipado, há naturalmente uma pressão e procuraremos acomodar isso nas margens orçamentais (...) É importante que se perceba por um lado a despesa com defesa pode ter um efeito na economia para ajudar a reindustrialização de Portugal e Europa. Portugal pode ter papel em algumas áreas, industria naval ou aérea. Se apostarmos podemos ter efeitos na nossa economia."
Colocando de parte os 5% do PIB em defesa, por considerar "incomportável para qualquer país europeu à exceção da Polónia", que já está perto desse valor, Miranda Sarmento frisou que a situação internacional "coloca maior exigência", mas defendeu que qualquer meta "não pode colocar em causa o estado social".