
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afastou hoje o envio de tropas para a Ucrânia, após o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciar que Alemanha, Polónia e Itália vão participar nas garantias de segurança a um acordo com a Rússia.
Durante uma reunião hoje em Paris de mais 30 aliados de Kiev, no âmbito da chamada Coligação dos Dispostos, na qual a chefe do Governo italiano participou por videoconferência, Meloni transmitiu "a relutância da Itália em enviar tropas para a Ucrânia", de acordo com um comunicado do executivo de Roma.
O documento clarifica que a Itália poderá apoiar "um possível cessar-fogo através de iniciativas de monitorização e formação fora das fronteiras da Ucrânia".
No final da reunião, Emmanuel Macron anunciou à imprensa que 26 países, na maioria europeus, comprometeram-se a participar numa "força de segurança" como parte de um acordo de paz a celebrar entre Moscovo e Kiev, enviando tropas para a Ucrânia ou estando "presentes em terra, no mar ou no ar".
Alemanha, Itália e Polónia "estão entre os 26 contribuintes que definiram o apoio", especificou o líder francês, "quer para a regeneração do Exército ucraniano, quer para a segurança" no seu território, mas não deu mais pormenores sobre outros países ou capacidades militares disponibilizadas.
De acordo com a declaração do executivo italiano, Roma defende "pressão coletiva sobre a Rússia, incluindo através de sanções" e "garantias de segurança sólidas e fiáveis, a definir em conjunto por ambos os lados do Atlântico", referindo-se aos Estados Unidos.
Nas declarações de hoje, o Presidente francês frisou que a força "não tem intenção nem objetivo de travar qualquer guerra contra a Rússia", acrescentando que os Estados Unidos foram também "muito claros" sobre a sua disponibilidade para participar no apoio à decisão tomada pelo grupo de aliados de Kiev.
"Não há dúvida sobre isso", declarou Macron, que remeteu os detalhes sobre o "apoio americano" para os próximos dias.
Giorgia Meloni participou também, com Macron, com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e com outros líderes europeus na conversa telefónica com o Presidente norte-americano, Donald Trump, após a reunião dos aliados de Kiev.
À semelhança do que já tinha sugerido anteriormente, a chefe do Governo italiano indicou no comunicado que levantou mais uma vez junto dos países aliados de Kiev a criação de um mecanismo de segurança, inspirado no artigo 5.º do Tratado da NATO, que consagra a defesa coletiva dos Estados-membros "como um elemento-chave da componente política das garantias de segurança".
A reunião da Coligação dos Dispostos juntou hoje em Paris e por videoconferência mais de 30 países aliados de Kiev, na maioria europeus e incluindo Portugal, e foi copresidida pelo líder francês e pelo primeiro-ministro britânico, Keith Starmer.
Ao fim de mais de três anos da invasão russa da Ucrânia, as propostas para um acordo de paz entre Moscovo e Kiev têm fracassado, apesar das iniciativas do Presidente norte-americano para aproximar as partes.
O líder russo, Vladimir Putin, exige que a Ucrânia ceda territórios e renuncie ao apoio ocidental e à adesão à NATO, condições que Kiev considera inaceitáveis, reivindicando pelo seu lado um cessar-fogo imediato como ponto de partida para um acordo de paz, a ser salvaguardado por garantias de segurança que previnam uma nova agressão de Moscovo.