
O comandante nacional da Proteção Civil disse, esta quinta-feira, que o Mecanismo Europeu de Proteção Civil poderá ser ativado caso Portugal não consiga prolongar a permanência dos dois aviões Canadair de Marrocos.
"Daquilo que for o resultado das nossas diligências junto do Reino de Marrocos, iremos avaliar a necessidade, ou não, da ativação do mecanismo europeu de proteção civil relativamente à mobilização de meios aéreos. Iremos avaliar, mas, em princípio, se Marrocos continuar a manter essa disponibilidade, não iremos fazer essa ativação, uma vez que, inclusivamente, já temos os outros dois Canadair operacionais", disse o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre.
O responsável, que falava aos jornalistas no 'briefing' diário de balanço do combate aos fogos florestais, garantiu que quatro Canadair são suficientes para o combate aos fogos.
"Nós, com quatro Canadair e com os restantes meios aéreos, teremos, por certo, os recursos necessários para fazer face ao problema que temos", disse.
Forças Armadas vão reforçar meios no terreno
Mário Silvestre disse ainda que foi pedido às Forças Armadas um reforço de meios militares no terreno, sobretudo para situações de consolidação e rescaldos de incêndios, permitindo com isso libertar operacionais para o combate às chamas, para além de terem sido pedidas mais máquinas de rastos.
Minutos depois de ter terminado o 'briefing', o Ministério da Defesa anunciou, em comunicado, a disponibilização pelo Exército de três pelotões de rescaldo, num total de 60 militares que integram os cerca de 300 que este ramo militar tem diariamente no terreno.
No balanço do desta quinta-feira, até às 17:00, Mário Silvestre destacou 73 ocorrências, sete das quais durante a noite, que envolveram 1.982 operacionais, 509 meios terrestres e 169 missões aéreas, acrescentando que os incêndios de Trancoso, que já lavra desde dia 09, de Sátão, de Piódão, em Arganil, que terá começado devido a trovoada, Cinfães, Lousã e Portalegre são as situações mais preocupantes para a Proteção Civil atualmente.
Destacou ainda o incêndio junto à fronteira com Espanha, na zona de Chaves, em área de parque natural que já está a chegar a território nacional e que levou os bombeiros portugueses a ajudarem os vizinhos espanhóis no combate.
Oito bombeiros assistidos
Foram assistidos oito bombeiros, por ferimentos ligeiros, sete dos quais com necessidade de deslocação a hospital. Foram também transportados ao hospital três civis, um dos quais considerado ferido grave na sequência de um despiste.
Atualmente estão em vigor Planos Municipais de Emergência e Proteção Civil nos concelhos de Trancoso, Oliveira do Hospital, Arganil, Aguiar da Beira, Sátão e Sernancelhe.
Mário Silvestre apelou para um comportamento responsável das populações e para que acatem os conselhos das autoridades, nomeadamente sobre ordens de evacuação e o uso de fogo, sobretudo, neste último aspeto, no dia de sexta-feira, considerando crítico evitar novas ignições.
"É crítico. Já temos sete ocorrências [preocupantes]. Há ocorrências destas que estão em curso que vão, sem dúvida nenhuma, passar para o dia seguinte. E, portanto, o dispositivo e Portugal não podem ter mais ignições no dia de amanhã. E, portanto, isto é, no fundo, o apelo que fazemos a todos os portugueses", disse.
Ainda assim, considerou que apesar do desgaste provocado por vários dias de combate, o dispositivo "continua com a capacidade de ataque inicial praticamente intocável".
"A prova disto é o incêndio de Portalegre, onde temos um incêndio completamente fora da zona onde estavam a decorrer os outros incêndios e o dispositivo conseguiu reagir em ataque inicial e colocar muito rapidamente cerca de 180 homens naquele teatro de operações", exemplificou.
Destacou ainda a capacidade que tem existido de rotatividade, rendição e descanso de meios humanos no terreno, garantindo a resposta do dispositivo.
Por vezes, meios chegam "um pouco mais tarde do que o previsto"
Sobre as críticas de falta de meios no terreno de autarcas e populações, que por vezes se dizem sozinhas sem qualquer corporação nas suas localidades, Mário Silvestre disse compreender as críticas, mas sublinhou que o combate é feito de acordo com as prioridades estabelecidas, colocando os meios onde é mais urgente a cada momento.
Ainda assim, reconheceu que haverá momentos em que os meios chegam "um pouco mais tarde do que o previsto".
O comandante nacional explicou ainda, sobre o risco de incêndio previsto para sexta-feira, que a Proteção Civil trabalha com um índice de referência para aferir a "severidade do comportamento de incêndio" e que este se encontra nos "níveis mais elevados" desde julho.
"Amanhã [sexta-feira] temos, sem dúvida nenhuma, os índices mais elevados durante este período, muito em virtude do vento que se verá sentir em algumas das regiões, que vão influenciar diretamente, no fundo, o aumento desse índice de representatividade da severidade dos incêndios", disse.
Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio desde 02 de agosto e nas últimas semanas têm deflagrado vários incêndios no norte e centro do país que já consumiram mais de metade dos cerca de 75 mil hectares de área ardida este ano.
Com Lusa