
A Madeira quer mais agilidade nos apoios aos luso-venezuelanos em especial aos anciãos carenciados, disse em Caracas o diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa da Região Autónoma da Madeira, José Sancho Gonçalves Gomes.
"Como é evidente, em qualquer sociedade, existem ricos, pobres e remediados. E, portanto. A Venezuela não é exceção (...) Há aqui madeirenses que não tiveram tanto sucesso quanto outros", disse.
Sancho Gomes falava à Agência Lusa em Caracas, ao finalizar uma viagem de dez dias à Venezuela onde além da capital contactou portugueses, em particular com madeirenses, nas cidades de Maracay, Carabobo, Barquisimeto e Los Teques, e participou nas celebrações locais do Dia da Região Autónoma da Madeira (RAM) e das Comunidades Madeirenses.
"Eu tive a oportunidade de contactar madeirenses que passam por algumas dificuldades (...) inclusive numa zona mais deprimida de Caracas. Aliás eu trazia também essa preocupação na minha agenda: Queria acompanhar, perceber realidade social e socioeconómica da comunidade", disse.
O objetivo desse contato, disse era ver como a partir da Madeira, e tendo a consideração as competências próprias e atribuições autonómicas, é possível ajudar ou definir políticas para apoiar melhor uma comunidade que tanto tem dado à RAM e contribuído para o desenvolvimento regional.
"E quando eu falo no desenvolvimento de políticas, isso passará também por sensibilizar o Governo português [de Lisboa], nomeadamente para agilizar mais os processos de Apoio Social ao Emigrante Carenciado e do Apoio Social ao Idoso Carenciado no sentido de fazer chegar de forma mais célere os apoios concedidos e, também de forma a garantir que há uma maior proximidade das autoridades portuguesas, consulares e diplomáticas à comunidade para ajudarem as pessoas a instruírem processos", disse.
No entanto, vincou querer deixar claro que no contato que teve com a Embaixada, os consulados-gerais e honorários de Portugal no país, pôde aperceber-se que está a ser feito "um grande trabalho de proximidade por parte dessas autoridades que também acompanham, conhecem as problemáticas, e que tentam responder a essas necessidades bem como também o apoio do movimento associativo e filantrópico".
"E, eu levo também isto daqui, que é perceber que o espírito de entreajuda, solidário e de filantropia dos madeirenses em melhores condições [socioeconómicas] mantém-se muito ativo, muito vivo. Por isso aqui existe uma série de associações que prestam apoio a essas camadas mais desfavorecidas. E, apraz-nos, por um lado poder apoiar algumas dessas associações que fazem esse trabalho de proximidade, e por outro lado, também, saber que por parte das autoridades nacionais do Governo da República também há preocupação de financiar essas associações para esse trabalho fundamental que desenvolvem no apoio social, a essas franjas mais desfavorecidas", disse.
Sancho Gomes disse que deixará a Venezuela com bastante regozijo por ter visto a participação das novas gerações na vida ativa da comunidade madeirense e nas celebrações e diversas atividades culturais, marcando assim a sua tradição e herança cultural.
"Isso revela o dinamismo da comunidade. Revela que esta comunidade apesar de não estar a ser renovada com o sangue novo, está a ser renovada com as segundas e terceiras gerações", disse.
"E esse é de facto um grande desafio para o futuro das comunidades", sublinhou, explicando que cada vez há menos emigração de madeirenses, devido ao desenvolvimento económico e à melhoria das condições de vida em Portugal e na Madeira.
"Isso decorre muito da nossa autonomia que permitiu um desenvolvimento socioeconómico e cultural nunca visto. É Talvez um caso único no mundo (...) E a verdade que este desenvolvimento e esta melhoria das condições de vida dá a possibilidade de que cada vez mais as pessoas fiquem ou se fixem na Madeira. O que, inversamente, tem o efeito nas comunidades, de não ser alimentadas com sangue novo", disse.