O Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu hoje, após um telefonema com o homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que o conflito com a Rússia não pode ser decidido sem os ucranianos, aludindo à cimeira dos líderes norte-americano e russo.

"O futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos, que lutam pela sua liberdade e segurança há três anos. Os europeus também são necessariamente parte da solução, porque a sua segurança depende disso", afirmou na rede social X o Presidente francês, que também manteve contactos os chefes de Governo da Alemanha, Friedrich Merz, e do Reino Unido, Keir Starmer.

Estas conversações surgem depois de Washington e Moscovo terem anunciado na sexta-feira um encontro entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, na próxima sexta-feira no Alasca, para avançar com um acordo de paz para a Ucrânia, que Zelensky já avisou que não aceitará se envolver concessões territoriais.

Macron reiterou que a Europa deve "trabalhar num espírito de unidade, dando continuidade aos esforços lançados no âmbito da 'coligação dos dispostos'", que lançou há alguns meses para preparar o acompanhamento de um eventual acordo de paz.

"Continuarei a coordenar-me estreitamente com o Presidente Zelensky e os nossos parceiros europeus", disse ainda o líder francês.

Volodymyr Zelensky já tinha anunciado hoje que discutiu a "situação diplomática" sobre a Ucrânia com Macron, bem com o primeiro-ministro britânico e comentou que "é realmente importante que os russos não consigam enganar ninguém novamente".

Numa mensagem nas redes sociais, o Presidente ucraniano sublinhou que "todos precisam de um fim genuíno para a guerra", bem como de "bases de segurança fiáveis para a Ucrânia e outras nações europeias".

Em comunicado, Keir Starmer anunciou uma reunião de conselheiros de segurança nacional europeus e norte-americanos hoje em Londres, promovida pelo chefe da diplomacia britânica, David Lammy, e pelo vice-Presidente dos Estados Unidos, JD Vance, dedicada à Ucrânia.

Esta reunião será "uma oportunidade crucial para discutir os progressos necessários para alcançar uma paz justa e duradoura", considerou Starmer, que reiterou o seu "apoio inabalável à Ucrânia e ao seu povo".

No âmbito da ronda de contactos hoje, Zelensky falou igualmente com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e ambos concordaram que tanto a Europa como a Ucrânia devem ser parte na resolução do conflito com a Rússia.

"Nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia. Devemos manter-nos unidos", afirmou o primeiro-ministro espanhol numa mensagem publicada no X após a conversa com o Presidente ucraniano.

Os dois líderes concordaram também que é essencial que a Ucrânia preserve a sua integridade territorial depois de Trump ter anunciado na sexta-feira que as negociações com Putin, que não incluem Zelensky e podem envolver uma "troca de territórios".

A cimeira entre Trump e Putin foi anunciada no dia em que expirava o prazo estabelecido pelo líder da Casa Branca para a Rússia suspender a sua ofensiva na Ucrânia, sob ameaça de agravamento de sanções diretas e sanções secundárias a países que comprem hidrocarbonetos russos.

A última ronda de negociações diretas entre os dois beligerantes em Istambul, em julho, resultou apenas numa nova troca de prisioneiros e de restos mortais de soldados.

O Presidente ucraniano alertou hoje para qualquer "decisão que seja tomada sem a Ucrânia", reafirmando que os ucranianos "não vão abandonar a sua terra para os ocupantes", referindo-se à Rússia, que intensificou a sua ofensiva desde julho no leste e norte do país, a par de campanhas sucessivas de bombardeamentos nas principais cidades.

"Qualquer decisão que seja tomada contra nós, qualquer decisão que seja tomada sem a Ucrânia, será uma decisão contra a paz", avisou Zelensky nas redes sociais, advertindo ainda que, nesse caso, a iniciativa "nasce morta".