
O avanço na abordagem do cancro do pulmão tem apresentado uma trajetória verdadeiramente assinalável nos últimos anos. Porém, urge tomar medidas para que esta inovação permita uma mudança do paradigma atual desta neoplasia. Continuando a ser a patologia oncológica com maior mortalidade associada e elevada incidência, dever-se-á necessariamente investir na prevenção primária e na implementação do rastreio de base populacional dirigido ao segmento alvo com maior risco associado.
Não descurando o papel do conhecimento dos sinais e sintomas desta doença, sabemos que muitas vezes, são inexistentes ou confundíveis com outras patologias numa fase inicial.
O rastreio do cancro do pulmão permite a detenção da doença em estadios iniciais em que a taxa de sobrevivência pode ser até 8 vezes superior à registada em fases avançadas. Sendo o diagnóstico precoce fator crítico para inverter a realidade vivida atualmente em Portugal, onde a maioria dos casos são diagnosticados em estadios avançados, importa também assegurar que exista o seguimento adequado de cada achado no rastreio, possibilitando que o doente usufrua de toda a inovação existente, em tempo oportuno. Desde a cirurgia, à radioterapia, à quimioterapia, às terapias -alvo, à imunoterapia há uma panóplia de possibilidades, todas elas com grande e constante evolução.
Caminhamos no sentido da medicina de precisão, devendo o tratamento ser o mais adaptado a cada pessoa. Não há dois cancros iguais, apresentando cada um a sua própria identidade, pelo que a testagem por biomarcadores possibilita a adoção de alternativas mais adequadas a cada caso.
Recentemente, no dia 1 de agosto, data em que se assinalou o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, foi anunciado pela tutela o avanço de dois projetos piloto de rastreio do cancro do pulmão, um a avançar a curto prazo no Porto e outro a desenvolver-se na área do município de Cascais, tendo também sido divulgadas pela DGS as normas de referência para os projetos piloto deste rastreio.
Ainda que não tenha sido divulgada informação detalhada sobre os mesmos, é expectável que possibilitem um acompanhamento / monotorização de recursos e resultados, com vista à implementação deste rastreio a nível nacional. Tal como temos defendido e contribuído há 5 anos consecutivos para que este rastreio avançasse, acreditamos que permitirá alterar o paradigma atual desta patologia em Portugal, obviamente assegurando-se a resposta a jusante como já mencionado.
Há uma esperança ao fundo do túnel!