A Ucrânia garantiu hoje que está preparada para participar nas novas negociações propostas pela Rússia em Istambul na próxima segunda-feira, mas solicitou a Moscovo um documento que detalha as suas condições para uma paz duradoura.

Sob pressão dos Estados Unidos, os dois países realizaram uma ronda de negociações em Istambul, em 16 de maio, para pôr fim ao conflito iniciado pelo ataque russo em fevereiro de 2022, que não tiveram sucesso.

"A Ucrânia está pronta para participar na próxima reunião, mas queremos envolver-nos em discussões construtivas", frisou hoje o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriy Yermak.

A Ucrânia exige que a Rússia lhe forneça, antes da reunião, um memorando que está a preparar, que deverá delinear as suas condições para alcançar um acordo de paz duradouro.

Andriy Yermak reiterou que era importante que Kiev recebesse este documento e frisou que a Rússia tinha "tempo suficiente" para o fazer.

Segundo este responsável, a Rússia recebeu um texto que detalha a posição da Ucrânia.

Na semana passada, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, tinha rejeitado esta exigência e afirmado que a Rússia não recebeu "nenhuma resposta" da Ucrânia sobre a sua participação.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou esta posição uma nova manobra da Rússia, acusando Moscovo de fazer tudo para tornar as negociações "sem sentido".

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Georgiy Tykhiy, destacou que a relutância de Moscovo em enviar o seu memorando "sugere que provavelmente contém ultimatos irrealistas".

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, indicou hoje à televisão russa que o Kremlin planeia enviar a mesma equipa na próxima segunda-feira que enviou para a primeira ronda de negociações.

A delegação russa foi liderada por Vladimir Medinsky, um conselheiro do Kremlin que já tinha sido responsável pelas negociações falhadas da primavera de 2022.

A composição da delegação russa foi vista por Kiev como um sinal de que Moscovo não estava a levar o processo a sério.

Estas negociações em Istambul resultaram apenas num acordo sobre uma troca de prisioneiros em grande escala.

As posições oficiais das duas partes em conflito parecem difíceis de conciliar: a Rússia exige, em particular, que a Ucrânia renuncie definitivamente à adesão à NATO e ceda as cinco regiões que alega ter anexado.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu à Rússia e à Ucrânia que não "fechem a porta" ao diálogo, afirmando estar em contacto com ambas as partes e esperar retomar as negociações na Turquia na segunda-feira.

Volodymyr Zelensky vincou hoje que a Rússia procura "prolongar a guerra" e apelou à imposição de novas sanções para aumentar a pressão.

O presidente dos EUA, Donald Trump, que se tem aproximado de Moscovo para avançar nas negociações, adotou um tom mais duro em relação ao seu homólogo russo nos últimos dias devido aos contínuos bombardeamentos russos mortais contra a Ucrânia.

Chamou Vladimir Putin de "completamente louco", antes de avisar que estava a "brincar com o fogo".

Trump, no entanto, também não foi simpático com Volodymyr Zelensky, a quem acusou de enrolar para chegar a um acordo.

No terreno, os ataques noturnos entre os dois lados continuam.

Os militares russos alegaram hoje de manhã ter neutralizado 48 drones ucranianos durante a noite. Um drone atingiu um edifício no sudoeste de Moscovo, causando apenas danos materiais ligeiros.

As autoridades ucranianas relataram hoje que pelo menos sete civis foram mortos em ataques russos, reportando ainda um ataque de 90 drones, garantindo ter destruído 56 desses alvos.