O Irão está a enfrentar o maior ataque militar desde a guerra com o Iraque na década de 1980, levando o líder supremo Ayatollah Ali Khamenei a tomar medidas extraordinárias para preservar a República Islâmica, escreve este sábado o The New York Times. Ciente do risco de assassinato, o líder iraniano estará a comunicar principalmente através de um assessor de confiança, suspendendo as comunicações eletrónicas para dificultar a sua localização. Além disso, retirou-se para um bunker, uma medida que evidencia a ferocidade dos ataques israelitas a Teerão.

Face ao momento precário que o seu regime de três décadas enfrenta, acrescenta o jornal, o Ayatollah Khamenei nomeou até três clérigos seniores como candidatos para o suceder caso seja morto. Embora a nomeação de um novo líder supremo normalmente levasse meses, envolvendo um processo de seleção minucioso por parte do corpo clerical, a prioridade máxima em tempo de guerra é assegurar uma transição rápida e ordeira para preservar o legado e o estado. Apesar dos ataques severos, insiste o jornal, a cadeia de comando iraniana parece estar a funcionar, sem sinais óbvios de dissidência política.

Autoridades iranianas indicam agora que a guerra está a ser travada em duas frentes: ataques aéreos israelitas contra bases militares, instalações nucleares, infraestruturas energéticas críticas e assassinatos de comandantes e cientistas, e uma segunda frente com operacionais secretos e colaboradores israelitas que lançam drones contra estruturas essenciais. A liderança iraniana reconhece uma "enorme falha de segurança e inteligência", admitindo que não detetaram meses de planeamento israelita para introduzir mísseis e peças de drones no país.

As principais preocupações da liderança iraniana incluem uma tentativa de assassinato contra o Ayatollah Khamenei, a possível entrada dos Estados Unidos na guerra e ataques mais debilitantes à infraestrutura crítica do Irão. A entrada dos EUA no conflito multiplicaria significativamente os riscos, dado que apenas os Estados Unidos possuem o equipamento capaz de penetrar as instalações nucleares iranianas mais críticas, como Fordow. O Irão, por sua vez, ameaçou retaliar atacando alvos americanos na região, o que poderia levar a um conflito ainda mais devastador.

A preocupação com assassinatos e infiltrações terá levado o Ministério da Informação do Irão a emitir novos protocolos de segurança, instruindo os funcionários a cessarem o uso de telemóveis e dispositivos eletrónicos e a permanecerem subterrâneos. A população também recebeu diretrizes diárias para denunciar indivíduos e movimentos de veículos suspeitos, e para não fotografar ou filmar locais atacados. O país também impôs um bloqueio de comunicações com o exterior, com a internet quase totalmente desligada e chamadas internacionais bloqueadas.

Teerão esvaziou-se em grande parte após ordens israelitas para evacuar vários distritos densamente povoados, com postos de controlo de segurança montados nas autoestradas e estradas menores.