
Jorge Carvalho é “uma pessoa altamente credível” e “tem todas as condições para desempenhar funções de qualquer nível”. Quem o diz é Miguel de Sousa, histórico militante do PSD-Madeira em declarações à TSF.
A propósito da substituição de José Luís Nunes como cabeça-de-lista da coligação PSD/CDS à Câmara Municipal do Funchal, Miguel de Sousa não tem dúvidas quanto às qualidades do nome agora apontado. “Ninguém tem dúvida disso: da sua integridade, da sua competência, da sua forma de estar e, por isso, é uma pessoa à prova de qualquer suspeita, até no sentido dos interesses que andam à volta da candidatura à Câmara do Funchal.”
Ainda assim, deixa um apelo ao próprio Jorge Carvalho, pedindo-lhe ponderação: “Espero que o Jorge Carvalho reveja tudo, porque isto não pode ser feito com base em orientações que têm pela frente (...) interesses que muitas vezes não colhem, nem têm qualquer interesse para o Funchal.”
Para Miguel de Sousa, o processo de escolha do novo candidato tem sido tudo menos exemplar e considera que a forma como José Luís Nunes foi afastado e o modo como decorre a definição da candidatura “parece tudo um pouco atabalhoado”, não sendo “próprio do PSD”.

Parece haver muita interferência, o que não é habitual, nem devia de acontecer. Penso que o líder deveria ter assumido essa responsabilidade na candidatura à Câmara do Funchal, independentemente dos círculos que à sua volta vão tentando manietar as soluções. Miguel de Sousa
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Apesar dos reparos internos, Miguel de Sousa mostra confiança na vitória do PSD nas próximas eleições autárquicas, apontando a fragilidade dos adversários como factor determinante.
“A candidatura é vitoriosa porque a oposição não apresenta candidaturas que tenham qualquer credibilidade para serem alternativas à liderança da Câmara do Funchal. São perdedoras”, admite, defendendo que bastava ao seu partido apresentar um nome credível e minimamente mobilizador: “Uma candidatura do PSD que seja normalmente aceitável perante a população, credível e forte dentro do PSD, ganha as eleições sem qualquer dúvida. É mais fácil do que nas outras vezes vencer as eleições para o Funchal.”
Quanto ao futuro do partido, Miguel de Sousa traça um paralelismo com o percurso de Miguel Albuquerque, que durante quase duas décadas construiu uma alternativa a Alberto João Jardim.
Parece-me que foram 19 anos que ele esteve ali [na Câmara do Funchal] a germinar uma boa alternativa do PSD para a Madeira e para o Governo – o que se veio a concretizar. Miguel de Sousa
O que levará Jorge Carvalho a encabeçar lista à CMF?
- Vontade de ser autarca
- Ter projecto para a cidade
- Ficar bem colocado para suceder a Albuquerque
- Querer servir o partido
Agora, acredita que o partido tem tempo para voltar a preparar uma nova liderança. “Não temos pressa em arranjar alternativa a Miguel Albuquerque, temos tempo pela frente e temos disponibilidade na Câmara Municipal do Funchal para fazer ocupar o cargo de presidente por um militante do PSD que tenha capacidade de se afirmar. Não é preciso ele já ser uma grande estrela. O que é preciso é, dentro de seis ou oito anos, ele vir a ser uma pessoa capaz, reconhecida, e credível perante a sociedade eleitora madeirense.”
Sobre o tradicional comício do Chão da Lagoa, Miguel de Sousa defendia, pela manhã, que seria desejável já haver um candidato definido a tempo da festa. O que se concretizou com a confirmação, durante a tarde, da candidatura de Jorge de Carvalho.

“Acho que era importante ir ao Chão da Lagoa com o candidato definido para a festa já ser uma apresentação do candidato a líder da Câmara e da sua equipa. Isso parece-me que será de muito bom tom”, admite o social-democrata. Ainda assim, lembra que em outros anos a estratégia foi diferente e sublinha que o mais importante é encontrar a melhor solução, mesmo que não seja imediata.
Eu também me lembro de anos em que - para não estragar o Chão da Lagoa – não se indicavam os candidatos a tempo da festa que era para não fazer uns não irem e outros irem. Há de tudo na história do PSD. Miguel de Sousa
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Por fim, Miguel de Sousa mostrou-se crítico quanto ao lugar dado ao CDS na composição da lista. “Tenho dificuldade em perceber o que é que faz o CDS na lista. Eu não percebo o porquê de o CDS estar tanto à frente, quando o PSD tem outra representatividade.”
Daí que sublinhe que o partido tem quadros jovens e que alguns dos actuais vereadores são capazes e mereciam continuar. “Tínhamos lá vereadores e vereadoras que merecem a continuidade. São jovens, trabalhadores, deram o seu melhor e não vejo crítica para os fazer afastar de modo algum.”
Em jeito de remate, Miguel de Sousa também deixou um aviso: a composição da equipa de vereação deve ser uma prerrogativa exclusiva do candidato. “A equipa deve ser sempre da responsabilidade do líder, do candidato. Ele é que faz a equipa, da mesma maneira que o presidente do Governo escolhe aqueles que o acompanham no Governo Regional.”