
Israel realizou cerca de 600 ataques aéreos contra o Líbano e matou 240 alegados membros do Hezbollah desde o cessar-fogo no país, em novembro de 2024, afirmou hoje o chefe do Estado-Maior israelita.
"São conquistas sem precedentes: desde os acordos de cessar-fogo, mais de 240 terroristas [do movimento xiita libanês Hezbollah] foram eliminados e realizaram-se aproximadamente 600 ataques aéreos", disse Eyal Zamir numa visita a uma das posições ainda ocupadas por Israel no sul do Líbano.
Zamir garantiu que Israel está a aplicar "um novo conceito estratégico", que descreveu como "proativo", ao atacar países vizinhos como o Líbano depois de detetar potenciais ameaças.
O exército israelita alegou que os objetivos dos ataques incluem impedir a reconstrução das infraestruturas das milícias xiitas do Hezbollah no Líbano.
Justificou ainda a possibilidade de bombardear o país vizinho, apontando que o acordo de cessar-fogo o salvaguarda ao impedir o rearmamento do Hezbollah.
"O nosso papel é moldar a nossa segurança nacional como acharmos adequado", acrescentou.
Zamir defendeu a presença israelita no Líbano, depois de ter esta manhã aprovado os planos para expandir a ofensiva em Gaza.
"Simultaneamente, estamos a operar na Síria, no Iémen, na Judeia e na Samaria (designação israelita para o território palestiniano da Cisjordânia) e a monitorizar os acontecimentos no Irão", acrescentou.
Apoiado militar e financeiramente pelo Irão, o Hezbollah começou a atacar Israel com foguetes e mísseis no dia seguinte aos ataques do aliado islamita palestiniano Hamas em território israelita, em 07 de outubro de 2023, os quais desencadearam a guerra em curso na Faixa de Gaza.
A campanha militar de Israel contra o Hezbollah em 2024 saldou-se pela eliminação de alguns dos principais líderes, centenas de combatentes e equipamento militar, incluindo foguetes e mísseis usados em ataques contra território israelita.
O cessar-fogo no Líbano entre Israel e o Hezbollah, supervisionado pelo governo libanês, entrou em vigor a 27 de novembro de 2024.
Nos termos do acordo, o Hezbollah devia retirar os combatentes para o norte do rio Litani, a cerca de 30 quilómetros da fronteira israelita, onde apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU devem estar destacados.
Israel, que devia ter retirado completamente as tropas, mantém-nas em cinco posições fronteiriças que considera estratégicas.
Telavive acusou as autoridades libanesas de não fazerem o suficiente para desarmar o grupo xiita.
Juntamente com o Hamas em Gaza, os Huthis no Iémen e outros movimentos armados de menor dimensão no Médio Oriente, o Hezbollah faz parte do chamado "eixo da resistência", que agrupa aliados iranianos em ações contra Israel.
Após a guerra do ano passado, o Estado libanês procura limitar a posse de armas exclusivamente às forças de segurança do governo.
Na semana passada, o governo libanês encarregou o exército de preparar um plano para garantir às forças estatais o monopólio das armas no país, pondo fim aos paramilitares do Hezbollah.
O anúncio do executivo de Beirute, que estipula o desarmamento do Hezbollah até ao final de 2025, define que o exército libanês "tem a tarefa de desenvolver um plano de implementação para a retirada de armas antes do final do ano e submetê-lo ao Conselho de Ministros para discussão até 31 de agosto", de acordo com o primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam.