
Nunca tinha acontecido algo assim. Os serviços secretos iranianos conseguiram recrutar pelo menos 30 judeus israelitas como espiões que transmitem informações para Teerão. Até ao momento, o contra-espionagem israelita prendeu cerca de três dezenas de pessoas.
A maioria foi recrutada para fotografar bases militares, o reator nuclear de Dimona, o aeroporto internacional Ben Gurion e seguir os passos de generais, ex-ministros da defesa e cientistas nucleares israelitas.
“Estamos a falar da adoção dos métodos de ação de Israel, porque é exatamente isso que Israel faz no próprio Irão. Então, eles acham que, se usarem os mesmos métodos, quem sabe, isso colocará o Irão no mesmo nível que Israel”, diz Ben Dror Yemini, analista israelita.
Alguns dos espiões receberam milhares de dólares para realizar as suas ações depois de terem sido recrutados através das redes sociais. Pelo menos um deles esteve em Teerão para manter contactos com os seus operadores.
Embora nas primeiras décadas do Estado de Israel já tenha havido espiões judeus que trabalhavam para a União Soviética em plena Guerra Fria, ninguém imaginou que o inimigo número um de Israel, o Irão, conseguiria recrutar judeus israelitas para realizar missões de espionagem em troca de dinheiro.
E ainda menos em plena guerra, a mais longa de Israel, na qual, pela primeira vez na história, o Irão atacou diretamente o Estado judaico com centenas de mísseis. Entre os colaboradores do Irão, há novos imigrantes recém-chegados, desertores do exército, delinquentes sexuais e ultraortodoxos que não serviram nas forças armadas.
Israel atentou nos últimos anos contra cientistas nucleares iranianos e os seus serviços secretos utilizam uma vasta rede de agentes iranianos locais que trabalham para Israel por razões ideológicas e/ou económicas. O Irão decidiu responder na mesma moeda.
“De repente, o mundo pensou que talvez se tratasse, na verdade, de uma manobra de distração. Talvez eles tenham um sistema de espionagem muito mais sofisticado, e tudo o que estamos a descobrir seja apenas a parte menos séria, para que não saibamos sobre a parte realmente importante. Tudo é possível”. explicou Ben Dror Yemini, analista israelita
Nestes dias, os israelitas celebram a festa de Purim, o carnaval judaico, num ambiente diferente do habitual. Segundo a tradição, que recorda a história da rainha judia Ester na antiga Pérsia, quatro séculos antes de Cristo, a rainha salvou o seu povo que estava a ser perseguido.
Hoje, os descendentes dos persas, o governo iraniano, continuam a ser o inimigo número um do Estado judaico. A guerra de cérebros entre os serviços secretos dos dois lados é cada vez mais intensa.