
O Instituto Português de Cultura (IPC), em Caracas, apelou aos portugueses e às instituições luso-venezuelanas para reforçarem o trabalho de dar a conhecer às novas gerações de lusodescendentes a importância da Revolução dos Cravos.
"É uma data que não pode ser esquecida e que no contexto político da Venezuela e de Portugal goza da simpatia das duas pátrias. É importante celebrá-la e temos de continuar a divulgá-la às novas gerações de lusodescendentes, para que saibam o que representa para nós", disse o presidente do IPC.
Fernando Campos Topa falava à Lusa à margem das celebrações do 51.º aniversário do 25 de Abril, que tiveram lugar na sexta-feira, no Centro Português em Caracas, e sábado, no clube Centro Marítimo da Venezuela, em Turumo, leste de Caracas.
"É uma data também que não deixa de ter alguma controvérsia, sobretudo para os que regressaram das ex-colónias e muitos dos que vieram parar à Venezuela. Sabemos que há algumas sensibilidades que são difíceis de contornar, porque houve alguns erros escondidos na descolonização, mas fez-se aquilo que era possível", disse.
"Temos de continuar a tratar de sarar essas feridas para que essa data continue a ter a importância que tem para os portugueses e para o mundo", reforçou.
Fernando Campos disse que o 25 de Abril marcou um antes e um depois na história de Portugal e de muitas outras nações.
"Foi um momento importante da nossa história, a abertura e o surgimento do Portugal moderno, das novas gerações, que promoveu a sociedade portuguesa e não só no contexto político, mas também das liberdades individuais e coletivas", declarou.
Explicou que no contexto da Venezuela e da América Latina, a Revolução dos Cravos tem sido "um exemplo muito grande numa América Latina que durante tantos anos tem tido uma alternância de democracias e ditaduras".
"Sinto-me hoje mais perto de Portugal, porque o 25 de Abril, no contexto familiar, o meu pai sempre falou abertamente em casa do que representava a ditadura (...) Sinto muita tristeza também de não poder estar em Portugal e descer a avenida da Liberdade até aos Restauradores para celebrar o 25 de Abril. Sinto saudades disso e gostava de o voltar a fazer", disse.
Por outro lado, a diretora para a Cultura do Centro Português de Caracas, sublinhou à Lusa que o dia "é muito importante para a história de Portugal, para todos os portugueses e para quem está longe de Portugal".
"O dia da liberdade representa muito e nós, aqui na Venezuela queremos festejá-lo como se estivéssemos lá em Portugal. É um dia que nos faz lembrar um bocadinho da nossa história e nos faz sentir muito, muito chegados a Portugal. É também um símbolo de esperança, como foi em Portugal, com cravos, sem nada que prejudique o ser humano", considerou.
Explicou ainda que o Centro Português tem um papel fundamental na divulgação da história de Portugal aos lusodescendentes.
"Comemorar o aniversário do 25 de Abril de 1974 é também dar a conhecer aos nossos alunos de português aquilo que forma parte da história de Portugal e que não podem desconhecer. É mostrar o que somos, a história dos nossos pais e avós".