Um peixe-diabo preto terá sido visto pela primeira vez perto da superfície do oceano, na costa de Tenerife, em Espanha. Foi avistado pela organização não-governamental (ONG) Condrik Tenerife, a dois quilómetros da costa. Os especialistas acreditam que a observação seja inédita.

É descrito como um "verdadeiro predador das profundezas". Habituado a viver na escuridão, usa bactérias bioluminescentes simbióticas, que armazena no apêndice dorsal, para se alimentar. Atraídas pela luz, as suas presas ficam presas na boca grande e dentes afiados e irregulares.

O melanocetus johnsonii, espécie que habita nas profundezas de mares tropicais e subtropicais, foi avistado a dois quilómetros da costa da praia de San Juan, perto da superfície do oceano pela ONG Condrik-Tenerife.

No Instagram, o fotógrafo subaquático David Jara Boguna, que pertence à equipa, publicou imagens do peixe perto da superfície da água, uma espécie que "poucas pessoas terão o privilégio" de observar.

David Jara Boguna explica que ele e a sua equipa viram o peixe quando estavam à procura de tubarões pelágicos, no final de janeiro.

"A descoberta surpreendente não deixou a tripulação indiferente e será lembrada para sempre", acrescenta.

O melanocetus johnsonii habita no fundo do mar, entre 200 e 2000 metros de profundidade, onde a luz solar não chega.

A razão para estar em águas tão rasas, longe do seu habitat, é desconhecida e intrigante, mas poderá ser por doença, para fugir a um predador ou devido a uma corrente ascendente, acrescenta o fotógrafo de vida selvagem marinha.

Laia Valor, bióloga na ONG, foi, à semelhança de o fotógrafo, uma das pessoas que avistou o peixe-diabo. Primeiro, conta, foi confundido com um plástico preto. Só depois perceberam que era um peixe incomum.

De acordo com o jornal espanhol Marca, o peixe-diabo estava ferido e morreu algumas horas depois.

O avistamento representa novos passos para o estudo da biodiversidade das ilhas Canárias e para o comportamento e biologia da espécie.

Os cientistas destacam a importância de investigações continuas e esforços para a conservação de ecossistemas únicos.