A Índia anunciou hoje que 13 civis morreram e 59 ficaram feridos na Caxemira devido ao fogo de artilharia paquistanês lançado desde a quarta-feira sobre o seu território e o Paquistão afirmou que abateu um 'drone' indiano em Lahore.

As 13 mortes ocorreram na quarta-feira, na aldeia de Poonch, no noroeste indiano e ao longo da "Linha de Controlo", a fronteira de facto que divide a região de Caxemira entre a Índia e o Paquistão, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano.

Um soldado indiano foi também morto por um bombardeamento na quarta-feira, segundo o Exército indiano.

Na Caxemira controlada pela Índia, dezenas de milhares de pessoas dormiram em abrigos durante a noite, disseram hoje as autoridades e os habitantes locais.

As autoridades indianas retiraram civis de dezenas de aldeias que vivem perto da Linha de Controlo durante a madrugada, enquanto outras pessoas que vivem em cidades fronteiriças como Uri e Poonch abandonaram voluntariamente as suas casas, disseram três polícias e autoridades civis, sob condição de anonimato à agência de notícias Associated Press (AP).

Hoje, três principais aeroportos do Paquistão, em Islamabade, Karachi (sul) e Lahore (leste), assim como o aeroporto de Sialkot, uma cidade perto de Caxemira e da fronteira com a Índia, estarão encerrados até às 13:00 GMT (14:00 em Lisboa), "por motivos operacionais", anunciou a Autoridade de Aviação Civil paquistanesa.

As autoridades paquistanesas também disseram hoje que o seu sistema de defesa aérea abateu um 'drone' indiano na cidade oriental de Lahore.

O polícia local Mohammad Rizwan disse à AP que um 'drone' foi abatido perto do aeroporto de Walton, um aeródromo numa zona residencial de Lahore que também contém instalações militares, a cerca de 25 quilómetros da fronteira com a Índia. Os meios de comunicação paquistaneses informaram que mais dois 'drones' foram abatidos noutras cidades da província de Punjab, da qual Lahore é a capital.

Estes incidentes ocorreram após ataques com mísseis indianos contra locais paquistaneses que mataram 31 civis na quarta-feira, incluindo mulheres e crianças, segundo as autoridades.

"Estamos empenhados em vingar cada gota de sangue destes mártires", frisou o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, num discurso à nação na quarta-feira à noite.

A escalada do conflito entre os dois países têm vindo a aumentar desde 22 de abril, quando homens armados mataram 26 pessoas, a maioria turistas hindus indianos, na Caxemira controlada pela Índia. A Índia acusou o Paquistão de apoiar os militantes que levaram a cabo o ataque, algo que Islamabade negou.

A Índia declarou na quarta-feira que os seus ataques visaram pelo menos nove locais no Paquistão ligados ao planeamento de ataques terroristas contra a Índia. Alguns destes alvos estavam no Punjab e a maioria das vítimas de quarta-feira ocorreu nesta província.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, chegou à capital da Índia na quarta-feira à noite para uma visita pré-agendada.

O ministro tem uma reunião hoje com o seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, e ambos vão copresidir um fórum sobre cooperação económica.

O Irão ofereceu-se para mediar este conflito entre a Índia e o Paquistão. Araghchi esteve no Paquistão na segunda-feira para se reunir com os principais líderes como parte deste esforço.