
As ministras do Trabalho e da Justiça também têm ligações a empresas no setor imobiliário. Depois da polémica com Manuel Castro Almeida, a RTP avança que Rita Júdice faz parte de quatro sociedades com negócios na área.
Segundo a RTP, a ministra detém metade da quota da Périplo Essencial e da Pedrasgest, ambas no setor do imobiliário e do turismo.
Com uma percentagem menor - cerca de 30% -, Rita Júdice tem também participações em duas outras empresas, a Canforeira e a Stone SPA, ambas ligadas ao setor.
No caso da ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho detém a maioria do capital de uma sociedade a que dá nome com atividades de "gestão de património imobiliário", revela a RTP.
A polémica com Castro Almeida
O ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Castro Almeida, confirmou na quinta-feira à RTP que teve durante mais de 25 anos uma empresa imobiliária, que vendeu recentemente, para evitar qualquer associação com a alteração à lei dos solos.
"Há três ou quatro semanas (...) decidi vender a minha quota porque nessa altura se começou a gerar no espaço público a ideia de que ter uma empresa imobiliária era uma vantagem com a Lei dos Solos", frisou Manuel Castro Almeida, que lidera o ministério que elaborou a alteração à lei dos solos aprovada pelo Governo.
Para o governante, esta associação entre a empresa imobiliária e a alteração à lei dos solos "é um erro, porque a lei se aplica a empresas imobiliárias e a qualquer cidadão".
Fê-lo para "afastar qualquer suspeita"
Questionado pela estação pública pela razão para ter vendido, o ministro sublinhou que foi por sua iniciativa para "afastar qualquer suspeita" e "cortar o mal pela raiz".
Castro Almeida garantiu ainda que sempre declarou ao Tribunal Constitucional a sociedade e que agora, no atual Governo, declarou a empresa à Entidade da Transparência.
"Tudo claro, nada às escondidas, tudo legal", frisou.
Questionado ainda sobre ter aceitado a demissão do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, Castro Almeida frisou que este cometeu uma imprudência "ao constituir duas empresas quando estava no Governo", destacando não haver semelhança entre os casos.
O ministro Adjunto e da Coesão Territorial garantiu também que vai continuar a defender a lei, porque esta é "boa e fundamental".
"É a única forma de termos mais casas a preços mais baixos, era fundamental ter esta lei", insistiu.
Primeiro-ministro diz que não há conflito de interesses
O Correio da Manhã noticiou no sábado que a empresa Spinumviva da família de Luís Montenegro "poderá beneficiar com a alteração à lei dos solos aprovada pelo Governo" e que, sendo o primeiro-ministro "casado em comunhão de adquiridos com a principal sócia da firma", isso o deixará "numa situação de potencial conflito de interesses".
Em resposta ao jornal, o primeiro-ministro defendeu que não existe qualquer conflito de interesses, afirmou que desde 30 de junho de 2022 não é sócio dessa empresa, de que foi fundador e gerente, e que "nunca foi, não é e não será objeto da atividade da empresa qualquer negócio imobiliário ligado à alteração legislativa" da lei dos solos.