O Grupo de Ação Conjunta contra o Racismo e a Xenofobia manifestou "revolta, indignação e humilhação" pela operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, alertando ser necessário resolver as carências existentes nesta zona de Lisboa.
O grupo "como tantas pessoas, portuguesas e estrangeiras, residentes em Lisboa e noutras cidades, mostra a sua revolta, indignação e humilhação por ver o tratamento dado a cidadãos comuns, comerciantes, clientes, transeuntes da Rua do Benformoso, na tarde" de 19 de dezembro, disse num comunicado divulgado na sexta-feira à noite.
Sobre a 'operação especial de prevenção criminal' da polícia, que fechou a rua do Benformoso, efetuou buscas em lojas e estabelecimentos e obrigou dezenas de pessoas a estar em posição de revista, encostadas à parede, durante uma hora, o grupo disse estar "triste e angustiado", bem como "chocado com as declarações do primeiro-ministro, afirmando que estas ações se irão repetir".
Apontou que naquela rua "há muitas carências que devem ser tratadas com urgência, incluindo a melhoria na recolha de lixo, programas de cuidado para toxicodependentes, articulação das instituições com a sociedade civil, policiamento de proximidade".
Mas, sublinhou que as comunidades residentes na zona, "portuguesas e de outras origens, estão desagradadas com estas operações policiais absolutamente desproporcionais à criminalidade que ali existe e revoltadas pois o investimento necessário para melhorar a situação não está a ser feito".
Na mesma nota, o grupo indicou que quem conhece a zona "sabe dos problemas que se têm vindo a agravar e que não são de todo exclusivos desta rua", referindo o consumo de droga nas ruas, "feito por toda a Mouraria e outras zonas da cidade", "a falta de recolha e limpeza de lixo das ruas, a dificuldade de acesso à habitação que tem levado tanta gente a viver na rua e à sobrelotação das casas".
No comunicado, o grupo lembrou a iniciativa legislativa cidadã para alterar o Código Penal e "criminalizar todas práticas racistas e xenófobas que são consideradas como ilícitos de menor gravidade sujeitos a coimas".
O grupo vai apresentar a proposta para ser "debatida e aprovada pela Assembleia da República" quando obtiver 20.000 assinaturas.
Com Lusa