Pelos 105 hectares da propriedade a natureza revela-se a cada recanto. Com quase 400 anos de vida – foi em 1628 que aqui se instalaram os monges carmelitas descalços e começaram a plantar diversas espécies endógenas e exóticas - a Mata do Bussaco, Monumento Nacional, localizada no Luso, no concelho da Mealhada, guarda flora secular, que se traduz em elementos naturais como eucaliptos-gigantes, enormes sequoias ou o maior adernal do mundo.
Muitos podem ser apreciados durante o Trilho das Árvores Admiráveis, um dos diversos percursos da mata, dona de um património natural único. A variedade de espécies botânicas, as árvores classificadas e a água que se ouve correr em diversos pontos da mata são elementos singulares que motivaram a candidatura do espaço a floresta terapêutica.
A certificação é atribuída pelo Gabinete Internacional de Certificação de Florestas Terapêuticas e reconhece o esforço de preservação que tem sido feito neste local: "Pode ler-se, na entrada da Mata, com a Bula Papal, que é proibido cortar árvores. Só são tiradas após morrerem ou se acontecer alguma tempestade que faça com que elas saiam, mas até lá são protegidas, defendidas, e é por isso que algumas delas são tão frondosas e conferem estas características únicas à Mata", assegura Guilherme Duarte, presidente da Fundação Mata do Bussaco. O responsável refere-se à inscrição que replica a Bula Papal Urbano VIII, de 1643, nas Portas de Coimbra, uma das entradas para a mata: excomunga quem corte árvores ou cometa outro tipo de danos à mata. No local, detalha o responsável, já existem alguns percursos “terapêuticos ao longo da floresta, mas que serão ainda instalados alguns equipamentos, para acentuar esta característica dotando o espaço com melhores condições de fruição para os visitantes".
Tratam-se de "árvores únicas, de porte único, de exemplares únicos, que fazem deste espaço único e que permitirá, dentro do devido acompanhamento, tornar-se um espaço bom para a saúde pública, sendo o que nós queremos", esclareceu o presidente da Fundação, sobre o processo. "Só estamos a aguardar a tradução do diploma, já fomos notificados de que o processo estava concluído e que irá ser reconhecido internacionalmente. Na Península Ibérica, esta é a primeira floresta terapêutica", garantiu Guilherme Duarte.
O anúncio foi feito durante a apresentação do Guia de Ecoturismo do Turismo Centro de Portugal, que decorreu no final de outubro, no Palace Hotel do Bussaco. O encontro serviu também para dar a conhecer a estratégia regional para o ecoturismo.
Em comunhão com a natureza no Centro de Portugal
Áreas verdes protegidas, ou classificadas da região, trilhos pedestres, locais para observação de aves, bem como diversas sugestões de alojamentos ecossustentáveis, e experiências diversas de ecoturismo, que mais do que uma atividade, “é uma forma de viver e de valorizar o nosso património natural”, refere Raul Almeida, Presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal, integram o Guia Ecoturismo Centro de Portugal. Ao longo de 36 páginas convidam-se “todos os leitores à descoberta das riquezas naturais e paisagísticas de uma das regiões mais extraordinárias de Portugal”, acrescenta Raul Almeida, na apresentação do guia, em locais como o Estrela Geopark, Arouca Geopark, Geopark Naturtejo, Reserva da Biosfera Transfronteiriça do Tejo/Tajo Internacional, Geoparque Oeste, Reserva da Biosfera das Berlengas, Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, Reserva Natural da Serra da Malcata, Mata do Buçaco, Parque Natural Local Vouga-Caramulo, Paisagem Protegida da Serra do Açor, Serra da Lousã, Paisagem Protegida da Serra de Montejunto, Serras do Socorro e Archeira, Vale do Côa e Faia Brava.
A publicação, distribuída gratuitamente com o jornal Expresso a 1 de novembro, integra-se no objetivo de tornar a região Centro a principal referência de Portugal continental no ecoturismo, referiu a vice-presidente do Turismo Centro de Portugal, Anabela Freitas, durante a apresentação da estratégia. “A Turismo Centro de Portugal tem desenvolvido, desde há vários anos, uma estratégia para ser considerado um destino sustentável. É um trabalho no âmbito do turismo de natureza, daquilo que são os comportamentos dos visitantes que nos procuram, que querem diminuir a sua pegada ecológica e que pretendem participar na experiência turística com as comunidades locais. O Ecoturismo tem esta dimensão”, sublinhou. “Queremos que o Centro de Portugal seja o destino reconhecido de Ecoturismo em Portugal continental, num trabalho em conjunto com parceiros públicos e privados. Estamos no caminho certo para isso ser uma realidade”, acrescentou.
O programa, cujas linhas mestras foram dadas a conhecer por José Mendes, CEO da IDTOUR, define o Ecoturismo como uma “viagem responsável para espaços naturais, para usufruir de um maior contacto com a natureza, contribuindo para a conservação do ambiente natural e cultural do destino, através da sua função educativa, minimizando os impactos negativos no território e proporcionando benefícios para as comunidades locais”.
A iniciativa identificou já 2731 recursos turísticos na região com potencial para a prática de Ecoturismo – 1362 naturais e 1369 culturais –, discriminados por cada Comunidade Intermunicipal do Centro de Portugal.
Áreas protegidas, cursos de água, serras, vales e montes, praias marítimas e fluviais, áreas florestais e agrícolas, parques, jardins e zonas de lazer e património geológico estão entre os locais identificados. A estes juntam-se os recursos culturais, nomeadamente aldeias, museus e centros interpretativos, património arqueológico, moinhos, lagares e azenhas, arquitetura militar e património religioso.
Para a implementação da iniciativa, foram estabelecidos quatro eixos estratégicos: ativação e consolidação do modelo de governança; estruturação, qualificação e certificação da oferta ecoturística; promoção e comercialização do produto ecoturístico; e monitorização e avaliação das atividades ecoturísticas.
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