"Atualmente, no mercado, temos empresas com faturas de importação não pagas há mais de nove meses e com os respetivos termos de compromissos em aberto. Estes constrangimentos de liquidez em moeda estrangeira poderão afetar o processo de importação de equipamentos e acessórios das empresas afetadas pelas manifestações", disse Paulo Oliveira, presidente do pelouro de comunicação e serviços da Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique.
O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu reduzir, segunda-feira, os coeficientes de reservas obrigatórias para os passivos em moeda nacional, de 39,0% para 29,0%, e em moeda estrangeira, de 39,50% para 29,50%, com o objetivo de disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços.
Em conferência de imprensa em Maputo, a CTA congratulou-se com as medidas, mas apelou ao banco central para fazer acompanhar a medida de redução de reservas obrigatórias em moeda estrangeira com "mais reduções e intervenções no mercado cambial interbancário", disponibilizando mais divisas.
"O Banco de Moçambique deve refrear o processo de compra de divisas no mercado para não sufocar, ainda mais, as fontes já limitadas", apelou Paulo Oliveira.
Os empresários moçambicanos insistem que a liquidez em moeda estrangeira continua baixa, apontando ações do banco central que a terá "sugado" através das reservas obrigatórias em cerca de 2,1 milhões de dólares em 2024 para cobrir o serviço da dívida externa.
No que se refere aos coeficientes de reservas obrigatórias para os passivos em moeda nacional, que baixaram de 39,0% para 29,0%, a CTA indicou que a decisão vai "alargar ainda mais a liquidez", mas lembrou que o grande desafio dos empresários locais tem sido a sua "exclusão no financiamento pelos Bancos Comerciais em preferência aos Bilhetes de Tesouro".
Ainda na segunda-feira, o banco central decidiu uma nova descida da taxa de juro de política monetária MIMO, de 12,75%, em vigor desde final de novembro, para 12,25%
Os empresários defendem que as medidas do Banco de Moçambique só terão efeitos positivos na economia se forem "combinadas e reforçadas com a rápida introdução do Fundo de Garantia Mutuária e, a médio longo prazo, pela reforma do quadro de política monetária", conforme explicou o presidente do Pelouro de comunicação e serviços do CTA.
PYME(PVJ)// ANP
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