Horas antes de se encontrar com Volodymyr Zelensky, Trump abriu o jogo na rede social Truth Social. “O presidente Zelenskyy, da Ucrânia, pode acabar com a guerra com a Rússia quase de imediato, se quiser, ou pode continuar a lutar”, escreveu Trump. “Nada de recuperar a Crimeia que foi oferecida [à Rússia] por Obama (há 12 anos, sem um tiro disparado!), e nada de entrada na NATO. Algumas coisas nunca mudam!!!”, escreveu.

Daqui a algumas horas, o Presidente dos Estados Unidos estará reunido com os líderes da Ucrânia, Reino Unido, Finlândia, França, Alemanha, Itália, UE e NATO na Sala Oval, onde há cerca de oito meses Zelensky enfrentou uma sessão de bullying da qual ainda ninguém se esqueceu. E o facto de ser preciso faz-se acompanhar de uma guarda de honra para evitar nova humilhação diz muito sobre o momento desafiante que a antiga ordem mundial enfrenta.

A realidade não dá grande espaço de manobra às pretensões ucranianas, por muito que a lei internacional esteja do lado dos agredidos e invadidos. No terreno, a Rússia continua a avançar e Trump deseja apenas poder dizer que conseguiu acabar com o conflito, independentemente da situação, mais ou menos exposta a novos ataques russos, em que um acordo de “paz” possa deixar a Ucrânia. “Se a Ucrânia mantiver a sua soberania sem a desnazificação que a Rússia propõe, ou seja, sem o fim da Presidência de Zelensky, isso é um início viável para a paz”, diz neste podcast a investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais Diana Soller. “O problema”, prevê ainda Soller, “é que Putin vai provavelmente exigir eleições, para garantir uma liderança mais pró-russa na Ucrânia”. Estamos aqui perante “um novo tipo de paz”, que “não é uma paz duradoura, mas que pelo menos cria interregno talvez extenso na guerra da Rússia e da Ucrânia”.

O outro grande tema que se espera ver resolvido em Washington é a garantia de segurança que Trump já disse estar preparado para dar à Ucrânia. Também aqui a dose de otimismo tem de ser muito elevada para acreditar que realmente “os europeus vão entrar na guerra quando até agora não entraram”, argumenta neste episódio o consultor em assuntos europeus Henrique Burnay. “Uma garantia de segurança a sério quer dizer, que, caso a Rússia não cumpra o Acordo de Paz que venha a existir e resolver desatar a disparar sobre a Ucrânia, os países que dão garantias de segurança entram na guerra nesse dia. Só é uma garantia de segurança se for assim”, acrescenta.

Neste Mundo a Seus Pés, analisamos a semana que passou e a reunião desta tarde entre Zelensky, Trump, e os líderes europeus, onde o futuro da Ucrânia pode vir a ser decidido.

SIC Notícias