A China avisou no domingo (hora local, menos sete horas em Lisboa) os Estados Unidos que "não devem brincar com o fogo" em relação a Taiwan, numa reação a um discurso do secretário de Estado norte-americano da Defesa.

"Os Estados Unidos não devem tentar utilizar a questão de Taiwan como um instrumento de negociação para conter a China e não devem brincar com o fogo", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em comunicado, acrescentando que tinha apresentado um protesto oficial aos norte-americanos.

O secretário de Estado Pete Hegseth, que intervinha na conferência Diálogo de Shangri-La, em Singapura, acusou a China de se preparar "clara e credivelmente para utilizar potencialmente a força militar para alterar o equilíbrio de poder" na região Ásia-Pacífico.

Hegseth acrescentou que o país "treina diariamente" para uma invasão de Taiwan.

No comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês anunciou que tinha "apresentado um protesto solene à parte norte-americana" sobre estas observações, acrescentando que as "lamentava profundamente".

Pequim, que não enviou o seu ministro da Defesa à conferência - o maior fórum de segurança e defesa da Ásia - descreveu a "questão de Taiwan" como um "assunto interno" da China e disse que os países estrangeiros não tinham o direito de interferir.

A China considera esta ilha democrática e autónoma como parte do seu território e não exclui o uso da força para a controlar.

Na sua intervenção em Singapura, Hegseth denunciou ainda o número crescente de incidentes com navios chineses no mar do Sul da China, acusando Pequim de se "apoderar ilegalmente e militarizar" ilhas e ilhéus reivindicados, nomeadamente, pelas Filipinas.

Alegando argumentos históricos, Pequim reivindica a quase totalidade das ilhotas do mar do Sul da China, contestando nomeadamente as conclusões de um tribunal internacional de arbitragem, segundo as quais as suas reivindicações não têm base jurídica.

A este respeito, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que "nunca houve qualquer problema" com a navegação na zona.

A China está "empenhada em preservar a sua soberania territorial e os seus direitos e interesses marítimos em conformidade com a lei", afirmou um porta-voz do ministério.

Pequim acusou também os Estados Unidos de transformarem a região num "barril de pólvora" ao colocarem armas no mar do Sul da China.