Em nota enviada, o grupo parlamentar do Chega na Assembleia da República dá conta que deu entrada de um projecto de resolução que recomenda ao director do Serviço de Informações de Segurança (SIS) que proponha ao primeiro-ministro a desclassificação integral de todos os documentos, registos, arquivos e dossiers relativos à organização terrorista de extrema-esquerda FP-25, desde a sua fundação até à amnistia dos crimes cometidos.

Para o partido, é" inaceitável" que ainda hoje grande parte da documentação relacionada com o que diz ser “uma das páginas mais violentas da democracia portuguesa” permaneça classificada e fora do alcance do escrutínio público e da memória colectiva. O projecto apresentado partido pretende corrigir o que diz ser “o silêncio e a omissão institucional que têm protegido, durante décadas, os responsáveis e cúmplices da atividade terrorista levada a cabo pelas FP-25”.

"As Forças Populares 25 de Abril (FP-25) foram uma organização de cariz revolucionário e radical, inspirada em ideologias marxistas-leninistas, que actuou em Portugal entre 1980 e 1990. Ligada directamente às antigas Brigadas Revolucionárias e ao Partido Revolucionário do Proletariado (PRP), a organização foi responsável por diversos atentados com explosivos, assaltos, homicídios e sequestros. Foram assassinadas catorze pessoas, incluindo militares, civis e um dissidente interno", explica o partido.

O Chega lembra que, apesar de vários membros terem sido condenados, o parlamento nacional aprovou, em 1996, uma amnistia para os crimes cometidos, com o apoio da maioria parlamentar da altura, composta pelo Partido Socialista e pelo Partido Comunista Português.

Durante anos, o Estado foi cúmplice do silêncio e da amnistia. Agora, teme-se que a verdade venha ao de cima porque pode pôr em causa figuras do sistema que estiveram ligadas a estes movimentos. Mas a verdade não tem donos e o país tem o direito de conhecer tudo: nomes, datas, factos e responsabilidades Francisco Gomes, deputado do CHEGA na Assembleia da República

O partido denuncia que o governo "penas está a considerar a desclassificação parcial de documentos entre 1985 e 1990", o que, para o Chega, representa uma tentativa de "amputar a verdade histórica e evitar o escrutínio sobre os primeiros anos de atividade da organização, bem como sobre o processo político que conduziu à amnistia".

"Não pode haver meias-verdades nem histórias cortadas à medida de interesses partidários. Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele. A justiça exige luz total sobre os arquivos das FP-25", diz Francisco Gomes.

A rematar, o partido reafirma que "não aceitará que a história seja reescrita ao sabor de conveniências ideológicas e promete continuar a lutar para que todos os documentos sejam tornados públicos."