
"Sabemos bem qual é o passado do PSD e do CDS. Nós conhecemos bem aquilo que têm sido as políticas, sabemos bem a quem é que eles respondem e para onde é que eles caminham. E o caminho que está a ser traçado pelo Governo está nas palavras do primeiro-ministro: é o ataque ao direito à greve, o ataque a uma conquista de abril, o ataque aos direitos dos trabalhadores", disse.
Tiago Oliveira falava à agência Lusa durante uma concentração de trabalhadores em greve na unidade industrial de Setúbal da Autoneum, uma empresa suíça do setor automóvel, na sequência das declarações proferidas quinta-feira pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, sobre a lei da greve, devido à greve dos trabalhadores ferroviários.
O presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, tinha dito na quinta-feira que houve "influências políticas, partidárias e eleitorais" que não permitiram evitar a greve da CP e defendeu que poderá ser necessário alterar a lei para equilibrar o direito à greve com outros direitos.
Sobre a situação na Autoneum, Tiago Oliveira considerou que a empresa, "além de ficar aquém daquilo que é o objetivo concreto dos trabalhadores em termos salariais, daquilo que são as reivindicações centrais dos trabalhadores, está a discriminar os trabalhadores no aumento salarial, a apresentar valores para uns de X e a apresentar valores para outros de Y".
"Isso nós não podemos aceitar. Aquilo que nós defendemos é que os trabalhadores sejam vistos todos por igual", justificou o líder da CGTP/IN.
Segundo a sindicalista Esmeralda Marques, do SiteSul, Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul, que convocou a greve na Autoneum, os trabalhadores, na grande maioria mulheres, "exigem aumentos salariais superiores aos 3,8% que já foram aplicados unilateralmente pela empresa e o fim da discriminação salarial".
"A empresa neste momento já aplicou, sem acordo dos trabalhadores, um aumento salarial de 3,8% na generalidade, sendo que depois em algumas categorias avançou com um mínimo de 45 euros, para as categorias que estão ligadas diretamente à produção", disse.
"Os trabalhadores não concordam, consideram que há aqui uma discriminação entre trabalhadores, porque a empresa não dá o mesmo valor de aumento para todos, e, para além disso, o valor [dos aumentos salariais] é significativamente baixo, nem sequer acompanha a evolução do salário mínimo nacional", sublinhou Esmeralda Marques.
A concentração de trabalhadores da Autoneum, que decorreu entre as 09:30 e as 11:30, contou também com a presença da deputada comunista eleita por Setúbal, Paula Santos, que recusou a ideia de estar a fazer um aproveitamento político da greve na Autoneum em tempo de campanha eleitoral.
"Viemos aqui expressar a nossa solidariedade, como temos feito em diversos momentos. Não fazia sentido que também não estivéssemos aqui hoje, porque temos estado em muitas outras lutas de trabalhadores, aqui no distrito de Setúbal e pelo país", justificou a deputada comunista e cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral de Setúbal nas próximas eleições legislativas.
GR (JF/PLI/SMA/SF) // MSF
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