
O secretário-geral do PS advertiu este domingo o primeiro-ministro que "pessoas não são linhas vermelhas", insistindo que a oposição do PS à alteração à lei laboral proposta pelo Governo é defender jovens, mulheres e trabalhadores.
"Que fique claro para o senhor primeiro-ministro: as pessoas não são linhas vermelhas. Quando nós dizemos que o Orçamento do Estado (OE) não pode dar respaldo a alterações das leis laborais que põem em causa os mais jovens, que ofendem as mulheres, que ofendem os trabalhadores mais vulneráveis, isto não são linhas vermelhas, isto é defender a vida das pessoas", afirmou José Luís Carneiro.
O líder socialista foi questionado pelos jornalistas, em Ribeira de Pena, onde esteve na apresentação da recandidatura do presidente da Câmara, João Noronha, sobre as declarações de Luís Montenegro que este domingo antecipou que a discussão do próximo OE vai ser "relativamente simples", mas avisou a oposição que o Governo não negociará com base em ultimatos ou linhas vermelhas.
Já durante a semana, durante a viagem que fez pela Estrada Nacional 2 (EN2), José Luís Carneiro, afirmou que o PS se irá opor a opções que sejam inscritas no próximo Orçamento que traduzam as alterações à legislação laboral que o Governo pretende aprovar.
"As leis laborais têm dimensões que ofendem gravemente os mais jovens, ofendem gravemente as mulheres trabalhadoras, ofendem a família, e ofendem os trabalhadores mais vulneráveis", insistiu hoje o secretário-geral do PS.
Reforçando que "isto não se chama linhas vermelhas, isto chama-se justiça social, defesa do trabalho digno e de trabalho daqueles que carecem de quem os defenda". "E é isso que estamos a fazer", sublinhou.
José Luís Carneiro disse, no entanto, que é preciso aguardar pela proposta do OE. "Porque, como já dissemos muitas vezes, nós somos a favor da estabilidade política, mas é preciso que a estabilidade assente em pressupostos de justiça social, de dignidade das pessoas e de salvaguarda dos valores", frisou.
Questionado sobre como poderá proceder se não for retirada a proposta de alteração à lei do trabalho, o líder socialista disse que é preciso aguardar "pelos passos que o Governo vai dar".
"Percebi também pelas palavras do senhor primeiro-ministro que apesar, de tudo havia ali uma vontade de ir ao encontro daquilo que o senhor Presidente da República disse e que foi que o PSD não se esquecesse da sua matriz. Hoje, o primeiro-ministro fez questão de dizer, por várias vezes, que continuava a ser o mesmo partido. Bom, ele tem que o mostrar nas políticas e não apenas nas afirmações. Vamos aguardar", frisou José Luís Carneiro.
O secretário-geral do PS disse ainda que, depois das eleições, o Governo trouxe propostas que não tinha no programa eleitoral, para as leis laborais ou de alteração da lei de bases do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Depois das eleições, o Governo veio apresentar propostas que não trouxe às eleições e isso chama-se uma traição aos eleitores", sublinhou.
Na sessão de encerramento da 21.ª edição da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, o presidente do PSD e primeiro-ministro anunciou também mais investimento para habitação acessível e que o Governo vai dar um prazo aos departamentos do Estado para justificarem património não usado.
José Luís Carneiro escusou-se a comentar, explicando que é preciso conhecer melhor a proposta do Governo que vai ser apresentada ao parlamento e aos portugueses.
Recusou também comentar a notícia hoje publicada pelo jornal Correio da Manhã, segundo a qual o primeiro-ministro se terá oposto "à divulgação do número da matriz dos seus imóveis e a Entidade para a Transparência aceitou".
"Sobre a vida do senhor primeiro-ministro não me pronuncio, só mesmo ele é que pode responder", afirmou o líder socialista.