"O investimento médio nos nossos rastreios é de €50 milhões, por ano”, lembrou Ana Povo no início da sua intervenção.

A Secretária de Estado da Saúde admitiu a disponibilidade por parte do Governo em "aumentar esse valor“, acrescentando que “o orçamento de 2026 vai ter, pela primeira vez, uma rubrica própria”, uma vez que terá “um orçamento programático para a promoção e prevenção da saúde, com todos os ganhos que isso implica”.

Nesse sentido, Ana Povo contou - em primeira mão - que o país irá ter "dois pilotos de rastreio de cancro do pulmão".

A especialista admite que é preciso perceber, através destes rastreios piloto, “o ganho global da saúde da população, para depois vermos se irá ser vertida como uma norma para médicos de Medicina Geral e Familiar, ou se iremos mesmo alargar a âmbito nacional, tal como é o rastreio do cancro da mama”.

Sobre este tema, conclui dizendo que a tutela está a trabalhar para que tudo se concretize, embora ainda não possa adiantar quando é que vai mesmo começar, "mas já estão escolhidos os dois pilotos e estamos diariamente a trabalhar nisso”, assegura.

A realidade portuguesa

Em apenas 24 horas morrem - em média - 11 pessoas devido ao cancro do pulmão, em Portugal. São números da Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão (Pulmonale) que contabiliza mais de 4 mil mortes num ano, devido a esta doença.

Tanto no país, como no mundo, este é o cancro mais mortal e um dos que regista maior número de casos anuais: mais de 2 milhões, em todo o globo.

Portugal não tem rastreio para esta neoplasia maligna, mas espera-se que, em breve - segundo o que foi afirmado hoje - possa vir a ter. Apesar da melhor forma de prevenção ser não fumar, para certos cancros, o rastreio é uma arma poderosa de diagnóstico. O cancro do pulmão não foge a esta evidência e os estudos realizados para determinar a eficácia do rastreio mostram que a mortalidade associada a esta neoplasia reduz-se em pelo menos 20%.

Cancro do pulmão ultrapassa o da mama como principal causa de morte oncológica entre mulheres em Espanha

Esta semana, o jornal espanhol El País publicou novos dados alarmantes sobre o cancro do pulmão: Em 2024, morreram em Espanha mais mulheres com cancro do pulmão do que com cancro da mama, revelam dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística (INE). É a primeira vez que tal acontece, segundo o Grupo Espanhol de Cancro do Pulmão (GECP), que classifica o fenómeno como um “ponto de inflexão alarmante”.

Das 23 mil e 239 mortes por cancro do pulmão registadas em 2024 - um aumento de 1,9% face a 2023 - 6679 foram de mulheres, traduzindo uma subida de 7% na mortalidade feminina por esta doença num só ano. O GECP relaciona estes números com o aumento do consumo de tabaco entre mulheres nas últimas décadas e defende medidas urgentes de prevenção e cessação tabágica.

“Pela primeira vez na história, o cancro do pulmão superou o da mama como principal causa de morte oncológica entre as mulheres. em Espanha”, afirmou o epidemiologista Alberto Ruano, do GECP. Já o presidente do grupo, Mariano Provencio, sublinhou a necessidade de uma resposta coordenada e de mais investigação sobre o impacto desta doença no sexo feminino.

Saiba mais sobre o cancro do pulmão neste GUIA que o Tenho Cancro. E depois? preparou para si.