
As buscas realizadas esta quinta-feira pela Polícia Judiciária (PJ), nas instalações do Estado-Maior da Força Aérea e em empresas de meios aéreos – por suspeitas de corrupção em concursos para a aquisição de helicópteros –, envolvem uma empresa que tem ligações ao cunhado e ao irmão do ministro António Leitão Amaro. A empresa em causa é a Gesticopter, com sede em Monfortinho, distrito de Castelo Branco, avança a SIC Notícias.
Em declarações ao canal, o ministro da Presidência confirma ter conhecimento de que uma empresa com ligações à família concorreu a concursos públicos na área do combate aos incêndios e que, por essa razão, pediu escusa em Conselho de Ministros quando fossem discutidas pastas relacionadas.
Leitão Amaro remete esclarecimentos para uma declaração de abril, depois de uma reunião do Conselho de Ministros.
“Desde que no final do ano passado se iniciaram processos concursais relativamente a meios aéreos, seja do INEM ou do dispositivo de combate a incêndios, pedi escusa de qualquer envolvimento, porque tenho um familiar que me comunicou que estaria a pensar participar. A partir desse momento não tenho nenhum contacto, não faço qualquer juízo. Não participo em processos decisórios nem na comunicação do Governo sobre o assunto”, explicou então.
A operação, batizada de “Torre de Controlo” de acordo com o comunicado, decorre de um inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e resultou na execução de 28 mandados de busca em vários pontos do país, incluindo Lisboa, Beja, Faro, Castelo Branco, Porto e Bragança, diz a PJ, em comunicado.
Em causa está uma alegada rede criminosa que, desde pelo menos 2022, terá manipulado concursos públicos no valor de cerca de 100 milhões de euros, relativos à operação, manutenção e gestão da frota aérea do Estado dedicada ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR).
O objetivo, segundo as autoridades, passaria por criar escassez de meios aéreos públicos para forçar o Estado a recorrer a serviços mais caros prestados por empresas controladas por este grupo.
Foram constituídas arguidas várias pessoas, singulares e coletivas. A operação mobilizou 140 inspetores da PJ, 45 peritos das áreas financeira e tecnológica, sete magistrados do Ministério Público, bem como elementos da Procuradoria-Geral da República e da Autoridade da Concorrência.
A Força Aérea confirmou as buscas nas suas instalações por parte de elementos do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).