
Um estudo realizado no Hospital de Matosinhos concluiu que o vírus sincicial respiratório (VSR), conhecido por causar bronquiolites em bebés, pode ter um impacto mais grave do que a gripe nos adultos.
Entre abril de 2018 e março de 2024, o estudo que analisou casos de infeções respiratórias agudas em adultos internados, comparou os efeitos do VSR e do vírus da gripe (influenza). Apesar da menor prevalência do VSR, a taxa de mortalidade hospitalar foi de 20%, superior aos 13% registados nos doentes com gripe.
“Os custos diretos por hospitalização para doentes com VSR foram de 4.757 euros. Nos doentes internados com influenza este valor foi de 3.537 euros.” indicou o estudo a que a Lusa teve acesso.
Os doentes infetados com VSR apresentaram um maior risco de complicações graves, incluindo falência respiratória, eventos cardiovasculares e infeções bacterianas secundárias.
“Sem qualquer dúvida, a maior utilização de recursos de saúde, a par do aumento de mortalidade, é um indicador extremamente importante da maior gravidade dos doentes com VSR”, afirmou Filipe Froes, pneumologista e autor do estudo.
Mais de 80% dos casos de VSR ocorreram em pessoas com mais de 60 anos, com uma predominância ligeiramente maior nas mulheres (58,6%) e uma idade mediana superior à dos doentes com gripe (79 anos contra 77 anos).
Vacinação e prevenção
A Direção-Geral da Saúde já implementou medidas preventivas contra o VSR. A vacina para bebés nascidos entre agosto de 2024 e março de 2025 foi gratuita.
O impacto da imunização já se refletiu no último inverno, com uma redução de dois terços dos casos no Hospital Dona Estefânia e uma queda nos internamentos em cuidados intensivos no Hospital Santa Maria, de 40 para apenas cinco bebés.
O vírus sincicial respiratório transmite-se pela introdução do vírus através do nariz, olhos ou boca depois do contacto com secreções ou objetos contaminados.