António Vitorino está fora, mas o anúncio do anúncio de Santos Silva não garante que António José Seguro vá estar sozinho na corrida presidencial a representar a área socialista. Se Carneiro quiser sobrevoar este ato eleitoral, o homem que escolheu para líder parlamentar não concordará. Oiça aqui ‘Facto Político’, da SIC Notícias

Pedro Nuno Santos assumiu como prioridade do seu mandato à frente do PS o apoio a um candidato forte que fosse capaz de disputar o regresso de um socialista ao Palácio de Belém. Saiu sem conseguir concretizar a promessa, mas na cúpula do novo PS há quem lhe siga os passos. Em entrevista ao Facto Político, Eurico Brilhante Dias assume esse “ponto de convergência” com o antigo Secretário-Geral: “não nos devemos furtar a esse apoio”.
Sem evitar uma bicada a António Costa que “centrou o PS muito no poder executivo” quando há quatro anos decidiu não apoiar nenhum candidato, agora pede que não se cometa o mesmo erro que “já trouxe dissabores ao partido”.
Augusto Santos Silva “tem excelentes condições para ser Presidente da República pelas suas condições pessoais e profissionais”, mas não é o único. Segurista desde a primeira hora, Brilhante Dias lembra a “imensa afeição” que tem por António José Seguro, mas não se atravessa para já. “O momento da decisão só chegará depois das autárquicas”.
Para António Vitorino, que anunciou esta semana que está fora da corrida fica apenas uma crítica: “Decidir no momento certo, sem alimentar especulações, ajuda-nos a organizar o discurso”.
Bancada Parlamentar do PS conta com Pedro Nuno Santos
A presença de Pedro Nuno Santos na Assembleia da República depois de ter anunciado o fim da sua vida partidária tem levantado muitas dúvidas que o próprio não ter querido esclarecer. O futuro líder parlamentar do PS também não diz se sabe quanto tempo é que o antigo Secretário-Geral quer ficar, mas revela que “já está incluído nas equipas de diferentes comissões”. “Conto com todos os 58 deputados do PS, sem exceção”.
Até informação em contrário, Pedro Nuno Santos vai contribuir com a “muita experiência” já que “é o parlamentar que mais merece o lugar de deputado porque foi o que mais campanha eleitoral fez”. E quando quiser sair, Brilhante Dias acredita que o fará com facilidade: “Não me parece que um homem com a experiência de PNS tenha dificuldade no mercado de trabalho”.
“Estabilidade é um valor importante”
Um dos primeiros grandes desafios da nova vida do PS é a relação com o governo e, para já, esse caminho parece-se fazer-se pela via da disponibilidade para negociar. José Luís Carneiro quer fazer pactos de regime com Montenegro e dividir pelos dois partidos a escolha dos altos quadros do estado e até esse momento chegar, deixar claro que “o governo não tem que se entregar nas mãos da extrema direita para governar”. Mas o governo está a fazer um caminho de aproximação ao PS? “Não, mas essa é uma responsabilidade do governo, não é por falta de disponibilidade do PS”.
“O Discurso do Primeiro-ministro e do Ministro da Presidência aproxima-os de uma linguagem e de algumas propostas que podiam vir de um partido de extrema direita”, lamento Eurico Brilhante Dias, lembrando que “é possível tratar estes assuntos com sentido de estado e com responsabilidade”.
“Discutiremos o orçamento no momento certo”
Pedro Nuno Santos envolveu-se numa negociação longa para acabar a viabilizar um orçamento do estado sem que todas as linhas vermelhas do PS fossem satisfeitas, a ordem agora é para “não se anteciparem discussões que terão lugar mais à frente”.
Com a garantia de que “o PS nunca se faz de morto” e que não se “furtará a nenhuma discussão” e será “propositivo” diz que a “prioridade central neste momento são as autárquicas”.
Entre todos os factos que nos passam pelas mãos, os factos políticos são os nossos favoritos. Com o jornalista Diogo Teixeira Pereira, vamos tentar descobri-los nas entrelinhas dos discursos e nas conversas com os protagonistas da semana política. No final, fazemos uma previsão da meteorologia política para os dias seguintes que, se tudo correr como o previsto, vai falhar quase sempre. Facto Político, todos os sábados na SIC Notícias e em podcast.