
O Boavista toma posição na segunda-feira sobre o leilão dos terrenos adjacentes ao Estádio do Bessa, no Porto, revelou hoje o presidente do clube, cuja SAD falhou a inscrição nas provas profissionais de futebol da próxima temporada.
"Perante a premência da situação, a direção do clube está preparada para tomar uma posição firme já na próxima segunda-feira, com o objetivo de desbloquear o processo e criar condições para que todas as partes se possam sentar à mesa das negociações e trabalhar em conjunto na construção de uma proposta", informou Rui Garrido Pereira, numa nota enviada à agência Lusa.
Depois de não terem recebido ofertas mínimas entre março e maio de 2024, as licitações dos terrenos onde se situam os campos de treinos do Boavista foram reabertas em 04 de junho, com um valor de abertura de 2,9 milhões de euros (ME) e uma verba base de 5,7 ME, sendo que a fasquia mínima aceite para a aquisição do imóvel completo é de 4,9 ME.
Envolvendo um parque de estacionamento público subterrâneo e diversos equipamentos desportivos, num total de 22,5 mil metros quadrados de área, os terrenos poderão ser licitados em hasta pública através do portal e-leilões na Internet até 08 de julho, às 10:00.
"Apesar de se encontrarem em curso conversações avançadas com vista a uma solução concertada, reconhecemos que os diferentes ritmos e requisitos dos vários intervenientes impõem desafios assimétricos aos prazos legais do leilão. O Boavista mantém-se inteiramente disponível para o diálogo, mas determinado em defender o seu património, os seus ativos desportivos e o futuro da instituição", reconheceu o líder 'axadrezado'.
Há três semanas, em entrevista à Lusa, Rui Garrido Pereira tinha justificado a reabertura do leilão - cujo lance mais alto em 2024 foi de 3,3 ME - com dívidas antigas do Boavista a entidades envolvidas na construção do Estádio do Bessa, inaugurado em dezembro de 2003.
Quem adquirir os terrenos, nos quais a equipa principal 'axadrezada' costuma treinar, vai herdar também um contrato de exploração de infraestrutura desportiva por 50 anos, ao qual a Lusa teve hoje acesso, que se estende entre a próxima terça-feira e julho de 2075.
O documento foi assinado no ano passado, quando Vítor Murta ainda era presidente do Boavista, resultando de um crédito que o atual inquilino detinha sobre o clube e que foi convertido nos direitos de preferência na compra e de uso dos terrenos através de arrendamento.
Além da tomada de posição no leilão, Rui Garrido Pereira valorizou o compromisso do clube em tornar o Estádio do Bessa mais seguro, mas rejeitou que o recinto a seu cargo esteja interditado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
"Em paralelo, o clube está a trabalhar no tema da Proteção Civil, resultante de um plano de intervenção no estádio que sempre esteve previsto e que implica a realização de correções obrigatórias para garantir a realização de jogos com total segurança", apontou.
Na quinta-feira, a direção do Boavista já tinha lamentado a ausência da SAD das provas profissionais de 2025/26, face à ausência de certidões de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social, e exigiu consequências à administração liderada pelo senegalês Fary Faye.
Despromovido à II Liga em maio, quando encerrou a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, e interrompeu um percurso de 11 épocas seguidas na elite, o Boavista podia inscrever-se nas competições tuteladas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) até quarta-feira, cenário que ficou comprometido e implica, para já, a queda administrativa na Liga 3, organizada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
A existência de comprovativos de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social consta dos pressupostos exigidos no licenciamento dos clubes pela LPFP, que vai anunciar os 18 participantes de cada um dos dois escalões profissionais na segunda-feira.
Se passar no licenciamento da FPF, o campeão nacional em 2000/01, que já não 'caía' no relvado ao patamar secundário desde 1959/60, alinhará no terceiro escalão pela primeira vez desde 2013/14, quando foi reintegrado administrativamente na I Liga, revertendo a despromoção ditada em 2007/08 pelo Apito Final, processo derivado do Apito Dourado.