
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, condenou o assassínio na quarta-feira à noite de dois funcionários da embaixada de Israel em Washington, considerando-o um ato baseado num antissemitismo que tem vindo a aumentar.
“Condenamos profundamente” o ataque, disse o ministro esta quinta-feira, adiantado que a posição de Portugal já foi transmitida às autoridades israelitas.
“É inaceitável. Por um lado, porque é um ato antissemita e, por outro, porque viola a Convenção de Viena” que protege os diplomatas, argumentou.
Para Rangel, o ataque mostra que “o ódio está a aumentar de parte a parte” devido ao conflito entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
“O antissemitismo, que já existia antes de 7 de outubro [de 2023, quando o Hamas atacou território israelita, dando início à guerra], tem vindo a crescer claramente na Europa e no Ocidente”, admitiu.
Na última noite, dois funcionários da embaixada israelita nos Estados Unidos foram mortos a tiro no exterior do Museu Judaico de Washington por um extremista que gritou pela “libertação da Palestina” quando foi detido pela polícia.
O ataque levou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a ordenar o reforço das medidas de segurança nas missões diplomáticas israelitas no mundo.
Aconteceu poucas horas depois de um outro ataque a diplomatas, quando o Exército israelita fez “disparos de advertência” sobre um grupo internacional de mais de 20 diplomatas – entre os quais um português – por se ter, alegadamente, “desviado da rota aprovada” na visita.
“Nós ontem [na quarta-feira] já protestámos veementemente contra um ataque deliberado contra chefes de missão diplomática que estavam a visitar o campo de refugiados de Jenin”, lembrou o ministro português, sublinhando que se está a viver “um ciclo de violência terrível”.
Rangel frisou ainda que “o facto de se ser muito crítico sobre o que está a acontecer em Gaza e [sobre a] responsabilidade que o Governo de Israel tem, nomeadamente por ter bloqueado a ajuda humanitária [à população de Gaza durante] dois meses, não significa que não se seja igualmente muito crítico de toda a violência antissemita”.
Para o ministro, “uma coisa não tem nada a ver com a outra e ambas merecem uma condenação categórica”.