Pedro Nuno Santos escolheu a sua líder parlamentar para a mais importante batalha autárquica – Lisboa.

A decisão terá sido muito difícil, só se terá revelado clara nos últimos dias e a partir de dois pressupostos – as sondagens e a expectativa dos partidos que podem integrar a ampla coligação das esquerdas.

Terá sido a escolha acertada? A resposta é positiva, Alexandra Leitão sempre foi a única candidata, tendo em conta os pressupostos, com possibilidades de marcar esta eleição.

Eu fui candidato, por duas vezes, à presidência de um município. Na primeira eleição, se tivesse sido realizada uma sondagem, não teria partido em condições de qualquer bom resultado. Na noite eleitoral, a RTP deu-me como vencedor, mas faltaram uns poucos de votos.

É dessa experiência que resultam os critérios que, para mim, devem determinar a escolha. um candidato deve querer ser presidente, lutar pela vitória sem cessar, comer a relva; um candidato vencedor deve partir do seu campo político, consolidá-lo, mas usar a estratégia e a linguagem certas para entrar, por arrastão, no campo do adversário; um candidato não pode falar sobre tudo, no máximo três ou quadro temas; um candidato não pode sentar-se em cima do lugar de cabeça de lista e esquecer quem tem votos, dentro e fora do seu partido e agrupar, mobilizar, ouvir; um candidato não tem uma linguagem grupal, nem um estilo bélico, antes a capacidade de adequar o dizer ao que as pessoas querem ouvir.

Ora, Alexandra Leitão, sendo da chamada ala esquerda do PS, tendo desempenhado uma liderança parlamentar bélica, não é desprovida de caraterísticas pessoais e políticas para fazer face a cada um dos critérios que acima indiquei.

As reações à indicação do líder do PS são muito radicais nas bases, quase passionais. Entre os que dão como perdidas as eleições tendo em conta o histórico e os que acham que a candidatura é mobilizadora. Eu fico-me pela esperança que podemos ter.

Lisboa é muito importante, mas a candidata da oposição não terá mais do que meia dúzia de momentos, alguns rodapés, nas notícias diárias. Por outro lado, o atual presidente vai ter obra para mostrar, mesmo que não seja dele, vai ter anúncios para fazer, vai dar subsídios a todo o cão e gato, vai entregar medalhas a todo o santo que lhe traga apoios.

O piqueno Calimero vai chorar, dançar, saltitar para tentar ser o mais importante artista das elites que aceitam Montenegro mas não gostam das camisas que esta compra na feira de Espinho.

Alexandra sabe aprender, mas não chega. Importa que afaste o ar professoral e desça um pouco mais do que já desceu nos últimos meses. E em vez de usar o punho erguido que eleja o sorriso como bandeira. Edite Estrela até pode entregar-lhe um pin da década em que a Feliz Cidade era bandeira.

Alexandra tem agora o seu veículo. Um 4x4 de alta potência que subirá todos os morros e descerá todas as ribanceiras com conforto. Que saiba o que está em causa e que não esqueça que para se realizar uma política de centro-esquerda é preciso não afastar o centro-direita.