O líder dos conservadores, Fredrich Merz, não conseguiu o apoio da maioria necessária para ser eleito chanceler esta terça-feira, num revés inesperado para a sua coligação. O Parlamento terá agora 14 dias para eleger Merz ou outro candidato a chanceler, com uma maioria absoluta, refere a Reuters. A coligação CDU/CSU/SPD tem 328 votos no Bundestag, mas Merz obteve apenas 310, menos 18 do que seria expectável, ficando assim a seis votos da maioria necessária para confirmá-lo como o próximo primeiro-ministro.

Para o dirigente da CDU conseguir ser eleito como chefe de governo, teria sido necessário o apoio de pelo menos 316 dos 630 deputados alemães. Com o fracasso da tentativa de o eleger esta terça-feira, o parlamento em Berlim tem 14 dias para realizar uma nova votação. E se essa tentativa de obter uma maioria absoluta de votos também falhar, então caberá ao Presidente alemão decidir se nomeará Merz mesmo sem essas condições ou se, em alternativa, prefere dissolver o parlamento e convocar novas eleições legislativas.

Esta é a primeira vez na história da República Federal que um novo chanceler não consegue obter a maioria dos votos na primeira volta.

A coligação CDU/CSU liderada por Merz ganhou as eleições na Alemanha em fevereiro com 28,5% dos votos, mas precisava de pelo menos um parceiro para formar um governo com maioria.

Esta segunda-feira, os conservadores assinaram um acordo de coligação com os sociais-democratas de centro-esquerda do SPD, do atual chanceler Olaf Scholz, que obtiveram 16,4% dos votos em fevereiro, o seu pior resultado desde a Segunda Guerra Mundial.

Antes das eleições, Merz alinhou com o partido de extrema-direita AfD no apoio a novas restrições contra imigrantes, mas já fez saber que, afinal, ao contrário do que chegou a dizer, não é a favor de a Alemanha recusar refugiados que requeiram asilo ao país. Por outro lado, também voltou atrás relativamente ao comprimisso de manter uma contenção orçamental apertada, ao ter acordado com o SPD uma estratégia de flexibilidade financeira do Governo para fazer face às necessidades de reforço do investimento no programa de defesa nacional, por causa do novo contexto de segurança na Europa e da guerra na Ucrânia.

Estas mudanças de posição ajudam a explicar a quebra da sua popularidade e dos partidos que suportam a formação do novo governo nas sondagens realizadas já depois das eleições de fevereiro, e mesmo sem ter começado ainda a governar, com algumas delas a revelarem uma transferência da intenção de voto para a AfD.