A trégua de Páscoa anunciada unilateralmente pelo presidente russo Vladimir Putin resultou numa troca de acusações entre Moscovo e Kiev, que se culparam mutuamente de quebrar o cessar-fogo de 30 horas. Na manhã deste domingo, 20 de abril, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusava as forças russas de terem “realizado 26 ataques” entre a meia-noite e o meio-dia: “Apesar da Ucrânia ter declarado uma abordagem simétrica às ações russas” - ou seja, de acompanhar a trégua proposta por Moscovo - “tem-se observado um aumento dos bombardeamentos russos e do uso de drones suicidas desde as 10 da manhã”, escreveu numa publicação na rede X (antigo Twitter).

“Estamos a documentar todas as violações do seu autodeclarado compromisso com um cessar-fogo total no período da Páscoa e estaremos preparados para fornecer a informação necessária aos nossos parceiros. Na prática, ou Putin não tem controlo total sobre o seu exército, ou a situação revela que, na Rússia, não têm intenção de dar um passo genuíno rumo ao fim da guerra”, acrescentou o presidente ucraniano.

Horas mais tarde, pelas 20h de Kiev, Zelensky atualizava o balanço do dia: “Desde o início do dia o exército russo violou o cessar-fogo de Putin mais de duas mil vezes”, com 67 ataques russos; 1355 bombardeamentos, 713 dos quais envolveram artilharia pesada; e o uso de drones por 673 vezes. Zelensky lamentou também que Moscovo não tivesse respondido à proposta de Kiev de uma trégua de 30 dias que cessasse “os ataques recorrendo a drones de larga distância e de mísseis a infraestruturas civis”, admitindo “possibilidade de extensão”.

Kiev quebrou trégua “mais de mil vezes”

O cessar-fogo anunciado pela Rússia começaria às 18h (hora de Moscovo) de sábado e terminaria na meia-noite do domingo de Páscoa. A Rússia, por seu lado, disse que Kiev quebrou a trégua “mais de mil vezes”, ao atirarem 444 vezes a posições russas e a procederem a mais de 900 ataques de drone, de acordo com o Guardian, que cita agências noticiosas russas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, indicou hoje que não há qualquer ordem do presidente russo, Vladimir Putin, para prolongar a trégua de 30 horas em vigor no período da Páscoa Ortodoxa.

"Não houve qualquer outra ordem", disse Peskov em conferência de imprensa em resposta a uma pergunta sobre o alargamento do cessar-fogo, segundo a televisão pública russa RBC, citada pela agência de notícias Europa Press.

Em oposição às acusações de violações da trégua pelas forças de Moscovo, o Ministério da Defesa da Rússia relatou tentativas mal sucedidas do Exército ucraniano de "atacar posições russas" nas zonas de Sukha Balka e Bagatyr, na região de Donetsk.

As autoridades russas indicaram ainda ações militares ucranianas contra as regiões fronteiriças russas de Bryansk, Kursk e Belgorod, nas quais "civis foram mortos ou feridos".

Entretanto, o presidente dos Estados Unidos diz esperar um acordo “durante a semana” entre a Rússia e a Ucrânia, numa breve mensagem difundida na sua rede social, Truth.

“Esperemos que a Rússia e a Ucrânia cheguem a um acordo esta semana”, escreveu Donald Trump. “Ambos poderão então fazer bons negócios com os Estados Unidos da América em expansão e fazer uma fortuna!”, acrescentou.