O encenador norte-americano Bob Wilson, que pôs em cena "Einstein on the Beach", de Philip Glass, morreu hoje, em Water Mill, no Estado de Nova Iorque, aos 83 anos, anunciou a Robert Wilson Arts Foundation.

"Estamos devastados por anunciar a morte de Robert M. Wilson, artista, diretor de teatro e ópera, arquiteto, cenógrafo e iluminador, artista visual", escreveu a fundação que preserva a sua obra, numa publicação no Instagram, acrescentando que Bob Wilson "morreu pacificamente".

O encenador, que trouxe a Portugal várias das suas criações, e dirigiu "O Corvo Branco", de Philip Glass e Luísa Costa Gomes. Este foi o espetáculo de abertura da Expo 98, em Lisboa.

Em março deste ano, teve em cena no S. Luiz - Teatro Municipal, em Lisboa, a peça "Pessoa -- Since I've been me", inspirada no autor do "Livro do Desassossego", que estreara no ano passado em Itália. Por essa altura, disse ao Expresso que a sua abordagem à criação artística permanecia fundada na esperança e nas incertezas. “Temos sempre de iniciar um trabalho questionando ‘o que é?’ e nunca dizendo ‘o que é’. Manter sempre aberto”, respondeu.

Nascido em 1941 no Texas, trabalhou ao longo de mais de seis décadas e produzir várias centenas de obras. Era uma das principais referências do teatro experimental no mundo.

A ópera “Einstein on the Beach”, em 1976, é considerada um dos marcos na sua carreira. Foi a sua primeira experiência na ópera e dispensou de enredo ao longo de cinco horas de peça. Ao contrário de outros dramaturgos preferia expandir o tempo. Na sua estreia, em 1972 no Festival de Artes em Shiraz, no Irão, a sua peça teatral "KA MOUNTAIN AND GUARDenia TERRACE" durou 68 horas e foi apresentada ao longo de 10 dias.

O seu teatro era "outro mundo" diferente "da forma como a maioria dos diretores trabalha". "É um mundo criado para o palco. A luz é diferente. O espaço é diferente. A maneira como você anda é diferente. A maneira como você canta é diferente da maneira como você canta no chuveiro", explicou à revista Texas Monthly em 2020.

“O teatro tem uma função única na sociedade. É um fórum onde as pessoas se reúnem e podem partilhar algo juntas por um breve período de tempo. A arte tem a possibilidade de nos unir”, lembrou.