Emoldurada pela serra de Montejunto, território de vinhas a perder de vista e de personagens reconhecidas da História de Portugal, Alenquer oferece uma viagem entre o passado e o futuro, a apenas 50 km de Lisboa. A vila é Terra da Vinha e do Vinho, das Festas do Espírito Santo e, por este dias, do Presépio de Portugal. No mês de fevereiro é homenageado Damião de Góis, grande humanista e figura ímpar da cultura portuguesa e europeia numa edição do ciclo “Alenquer, Terra de Damião de Góis”. Integrada na região demarcada de Lisboa é um concelho de forte tradição vitivinícola, com diversos programas e locais enoturísticos, que dão a conhecer vinhos de prestígio nacional e internacional.
Entre picos e vales, na serra de Montejunto
Erguendo-se abruptamente entre o litoral e o vale do Tejo, a serra de Montejunto demarca-se da paisagem envolvente pela altitude e características naturais, sendo refúgio para animais como o gato bravo, a gineta, o texugo e a raposa. Das aves destaca-se o quase extinto na fauna europeia, o peneireiro cinzento, superpredador existente apenas em Portugal e Espanha. Tem a maior elevação da região de Lisboa e, em dias de boa visibilidade, consegue avistar as Berlengas, a Arrábida e a serra da Lousã. A Paisagem Protegida da Serra de Montejunto é rica em lagoas residuais, algares, grutas de grande valor biológico, geológico e mesmo arqueológico, tem importantes jazidas de amonites, turritelas e outros fósseis de interesse científico. Ilha biológica que emerge em meio de terras lavradias e flora rica, é essencialmente constituída por manchas de castanheiros, sobreiros, carvalhos, pinheiros e mais recentemente de eucaliptos, intercaladas com áreas de cultivo e pastoreio, além de espécies raras como a orquídea silvestre.
A Green Trekker (Tel. 918738770) começa uma caminhada na Quinta do Castro, segue até ao Carvalhal, sobe ao longo de um vale que rasga a serra quase até ao topo. Depois de várias descidas e subidas, passa a Ermida de Nossa Senhora das Neves. Conheça ainda o Centro de Interpretação Ambiental de Montejunto (Tel.262777888) e faça o trilho de natureza até à Penha do Meio Dia, num trilho rodeado pela natureza. No total, esta proposta estende-se por 20 quilómetros e tem uma duração de sete horas. A Serra de Montejunto oferece um percurso público sinalizado no terreno, com cerca de 2 Km de extensão, com painéis informativos sobre o património biológico a observar, um parque de merendas para um piquenique, um miradouro a cerca de 400 metros de altitude para admirar a paisagem que se estende até ao Atlântico, a Oeste, ou os mosaicos agrícolas a nascente acompanhando o Tejo.
Visite ainda a Real Fábrica do Gelo, classificada com Monumento Nacional, funcionou entre o séc. XVIII e finais do século XIX, e a Capela de Nossa Senhora das Neves, local de romarias cuja construção é anterior ao século XIII.
Alenquer, Presépio de Portugal
Até dia 6 de janeiro, sob o tema “Alenquer, Presépio de Portugal”, a quadra natalícia transforma a vila de Alenquer num cenário encantado, repleto de atividades e atrações para todas as idades. Parte da longa tradição da construção do Presépio Monumental que, desde 1968, é colocado na encosta da vila em homenagem às vítimas das grandes cheias de 1967, ao longo de todo o mês de dezembro, Alenquer dá a descobrir o circo de Natal, peças de teatro, pista de gelo, rampa de gelo ecológica, mercadinho de Natal, carrossel, exposições, livraria, e ainda o presépio motorizado. As crianças podem saber mais acerca dos tradicionais doces Sarapicos no Museu do Vinho. Durante a quadra festiva, Alenquer proporciona ainda a possibilidade de ganhar prémios, através da criatividade nos concursos de presépios ou ajudando o comércio tradicional. Ao participar, habilita-se, por exemplo, a uma viagem à Islândia para duas pessoas no valor de €10.000. Fazem parte da programação desta quadra a Vila Mágica de Natal, localizada no centro da vila de Alenquer, a exposição de presépios da Coleção de Maria Cavaco Silva para ver no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o Conto de Natal encenado pelo Agrupamento 1343 Sant’Ana da Carnota, uma Arruada, o Concerto de Natal no dia 21 de dezembro e o concerto do Avô Cantigas, no dia 22 de dezembro, no Auditório Damião de Góis, citando apenas alguns dos muitos exemplos de propostas para viver o Natal em Alenquer, Presépio de Portugal.
Viagem enoturística
A Quinta da Chocapalha é um projeto de família no qual se cruzam três gerações nos trabalhos do campo e da adega. Visite a quinta e prove os vinhos (Tel. 263769 317). Já a Quinta do Monte d’Oiro, também de índole familiar, é conhecida desde o século XVII como terroir privilegiado, que confere aos vinhos uma grande frescura, elegância e equilíbrio. A visita inicia-se na vinha, passa pela adega e termina na sala de provas, com vista sobre a Adega das Barricas onde estagiam os vinhos tintos da propriedade. Fundada em 1495, a Quinta de Pancas (Tel. 263099442) tem 60 hectares de vinhas plantadas, protegidas pela serra de Montejunto, e das quais resultam vinhos intensos, complexos e elegantes. No projeto Cas' Amaro a visão é trabalhar em harmonia com a natureza, respeitando os ecossistemas locais, as castas autóctones, reforçando a forma de trabalhar em modo biológico. O Enoturismo Cas' Amaro é apresentado como uma combinação de quatro paixões, nomeadamente a “Arte, Vinho, Natureza e Arquitetura” (Tel. 912076837). A Casa Santos Lima (Tel. 263760621), projeto familiar produtor de vinho, engarrafador e comercializador de vinhos portugueses. Vale a pena conhecer aquele que é um dos principais exportadores de vinho português.
Museu promove o culto do vinho
O Museu do Vinho (Tel. 263711544) está situado no Bairro do Areal, que viu nascer o ilustre Damião de Góis. O Real Celeiro Público de Alenquer foi erigido com a natureza de montepio agrário na sequência da publicação da carta régia de 1811 com o fim de atenuar os efeitos devastadores das invasões francesas. Este museu expõe, dá a provar e permite a aquisição dos vinhos da região. Estão representados os produtores da Associação das Rotas dos Vinhos de Lisboa. O edifício do século XIX acolhe a mostra relativa à evolução das técnicas e instrumentos associados à produção vitivinícola. Está igualmente patente a exposição “Grape Land: uma viagem através da identidade do vinho”, uma mostra centrada no património comum da vinha e do vinho, proveniente da relação do Homem com o seu território durante milénios, e que expressa a sua identidade no conhecimento, saberes, técnicas e crenças ligadas à cultura da vinha e produção do vinho. A exposição faz ainda uma retrospetiva cronológica das cidades europeias que, a par de Alenquer, ostentaram o galardão de Cidade Europeia do Vinho. O Museu tem entrada gratuita e ainda promove os percursos “Linhas de Torres”, “Óbidos” e “Quintas de Alenquer”. Sob marcação e orçamento, organiza visitas às numerosas quintas produtoras de vinho.
Apatosaurus Alenquerensis: o jurássico em Alenquer
Em Alenquer foram encontrados vestígios animais do período Jurássico (135-165 milhões de anos), de proporções gigantescas, podendo atingir 35 toneladas de peso, 22 metros de comprimento e 6 metros de altura, batizados de Apatosaurus Alenquerensis. É uma zona de enorme relevância paleontológica, em que também são vários os testemunhos arqueológicos da presença humana no território desde o período pré-histórico. Resultado do rico passado histórico, o município tem um turismo que é sobretudo arqueológico. Destaca-se o Castelo de Alenquer, Fortaleza de Grande valor defensivo quando os mouros dominavam o território e a Porta da Conceição. Na freguesia de Cadavais, situada no limite mais a sul do concelho, foram encontrados, em 1855, na parede da igreja, junto à velha torre, dois grandes cipos romanos de sepultura, ambos de forma prismática quadrangular, que hoje se conservam no adro, a par de outros elementos coevos e ainda um capitel de mármore e duas pedras de um pórtico manuelino.
Conhecer um humanista de renome mundial
O Museu de Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição (Tel. 927058207) foi criado enquadrado no projeto “Rotas de Séfarad: valorização da identidade judaica portuguesa no diálogo interculturas” - Rede de Judiarias de Portugal, Estado Português/Direção Regional de Cultura do Centro e Governo da Noruega. Espaço de memória relacionado com a Judiaria de Alenquer, este edifício da antiga Igreja de Santa Maria da Várzea, encontra-se integrado no centro histórico, junto ao troço de muralha do Castelo com o qual a antiga Judiaria confinava. Quanto à ligação de Damião de Góis com a antiga igreja, também uma das mais notáveis vítimas da Inquisição a par com os judeus/cristãos-novos, ali foi batizado em 1502 e comprou o direito de se fazer sepultar na capela-mor, onde o efetivamente veio a ser em 1574. Neste espaço encontra, para além do carneiro (aberto) da sepultura, a exposição consagrada à vida e obra do historiador e humanista, com particular destaque para a condição de vítima da Inquisição.
Núcleo Histórico de Aldeia Galega e Aldeia Gavinha
A fundação da Aldeia da Gavinha remonta ao século XV, com origem, segundo a tradição local, num casal onde se refugiaram os sobreviventes de um surto de peste que terá dizimado a população de uma povoação vizinha. Foram encontrados vestígios de ocupação romana no séc. I – lápide sepulcral datada de finais do século I, atualmente expostos no Museu Municipal de Torres Vedras. Visite a Igreja de Santa Maria Madalena com azulejos do séc. XVII, a Fonte Gótica no Largo da Fonte, a Casa Palmira Bastos, as capelas do Espírito Santo e de São Sebastião (ruínas), o Cruzeiro e uma casa brasonada. Conheça a Feira do Campo de Aldeia Gavinha, com tasquinhas, provas de vinho, música, que, usualmente tem data marcada em finais de outubro.
Na Aldeia da Galega Merceana, sede de freguesia em meados do séc. XIII, recebe de D. Dinis o primeiro foral em 1318, reformado em 1513 por D. Manuel, cuja tradição local aponta como sítio de acolhimento para visitantes reais nas viagens entre Lisboa e Caldas. Destacam-se o Pelourinho Manuelino (Monumento Nacional), a igreja de Nossa Senhora dos Prazeres (Imóvel de Interesse Público), a Igreja da Misericórdia, a Casa da Rainha, a Capela do Espírito Santo, o Fontenário. Conheça aqui a Feira Renascentista, habitualmente organizada em junho, em que toda a aldeia remonta aos usos e costumes da época numa verdadeira viagem ao passado.
Codornizes à mesa
O Casta 85 (Tel. 915761911), restaurante selecionado pelo Guia Boa Cama Boa Mesa de 2024 e distinguido com o Selo de Qualidade Recheio, foi, no passado, albergue para peregrinos. Tornou-se, há quase uma década, a morada do chef João Simões. Tem sala envidraçada com vista para o rio e para Alenquer. Prioriza na ementa os produtos locais, com destaque para a codorniz, que tem honras de menu de degustação. Variando sazonalmente, “O Original Torricado”, a “Cabidela” e a “Canja de codorniz” têm lugar cativo, a par dos vinhos regionais. No último domingo do mês há “Cozido à portuguesa”.
Refúgio entre vinhas
Envolto em vinhas, numa paisagem que se assemelha à região da Toscana, encontra a Cambeiros - Guest House (Tel. 961028610). Tem piscina exterior, jardim, salão partilhado e terraço. Dispõe de serviço de aluguer de bicicletas e , nas redondezas percursos para descobrir a pé. A decoração faz-se de peças de design conjugadas de forma eclética num estilo contemporâneo e sofisticado, com o toque de um dos proprietários. Descubra a hospedaria vinícola de Alenquer, a Casa d'Albarróis (Tel. 926071917.) Na respetiva garrafeira, situada na cave histórica, é possível fazer provas de vinhos num ambiente intimista e sofisticado. Aqui o vinho e a vinha são omnipresentes e os quartos não são exceção, sendo cada quarto decorado e batizado com o nome de uma casta vínica. Outra opção é terminar a viagem com uma aula de yoga com vista para a montanha no recente glamping Sóis Montejunto Eco Lodge (Tel. 263789105), com alojamento constituído por domos geodésicos e muitas atividades na natureza.
Roteiro de Fim de Semana é uma iniciativa Boa Cama Boa Mesa, com o apoio do Recheio, que semanalmente, ao longo do ano de 2024 vai dar a conhecer os principais eventos gastronómicos, entre festivais, feiras e mostras, que promovem regiões, restaurantes e produtos locais.
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver código de conduta), sem interferência externa.
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