Situada no litoral da região Centro, a Figueira da Foz, é terra de mar e de rio, de património histórico e cultural e de vasta riqueza gastronómica. Praias urbanas e semisselvagens, extensos areais para passeios relaxantes, ondas para surfar e uma marginal famosa pelos monumentos são um dos principais cartões de visita da cidade, conhecida como a “Rainha das Praias”. Entre as águas do Mondego e do Atlântico, a pesca é parte fundamental da história que importa conhecer. As salinas, o Núcleo Museológico do Sal e o do Mar, o cabo Mondego e o farol são alguns pontos chave desta descoberta.
Além do mar imenso, uma serra, a da Boa Viagem, oferece vestígios jurássicos e a possibilidade de ver a cidade na plenitude e beleza, a partir do miradouro ali existente. A Figueira da Foz modernizou-se ao longo dos tempos e contempla várias zonas animadas na cidade como é o caso do Bairro Novo. Além do famoso casino, é ainda profícua em eventos culturais e musicais ao longo de todo o ano.
Património arquitetónico rico e único
Um dos edifícios mais marcantes da frente ribeirinha da cidade é a Casa do Paço (Tel. 233430103). Com história rica, desde o século XVII até aos dias de hoje, começou por ser habitação de veraneio do Bispo Conde de Coimbra, D. João de Melo, propriedade da família Melo até ao século XIX. Tem particular interesse a coleção de azulejaria holandesa de inícios do século XVIII, com cerca de sete mil azulejos, cada um deles uma obra individual, única no mundo. Construída no século XVI, a Fortaleza de Santa Catarina serviu como defesa costeira, participou nas Guerras Napoleónicas, foi farol e hoje é um popular ponto turístico com panorâmicas sobre o mar e foz do rio Mondego. Existe uma pequena capela dentro do forte que funciona um bar-restaurante, afamado pela cerveja artesanal. Ambos são classificados como Imóveis de Interesse Público.
Uma outra fortificação costeira que justifica paragem, protegeu a vila de Buarcos, principal núcleo populacional desta zona litoral, até ao século XIX. Oferece uma excelente experiência de visitação, com vistas panorâmicas sobre a cidade e o oceano. Apesar de ter sido bastante alterada e diminuída ao longo dos anos, o que resta das muralhas está razoavelmente bem preservado. Passeie também pelas ameias com vista para o mar.
Um ícone no Bairro Novo desde 1947, a Torre do Relógio, classificada como monumento de Interesse Municipal, marca o tempo e o ritmo da cidade, da mesma forma que toda a paisagem devido aos 20 metros de altura que ostenta. E esta imponência fá-la referência como ponto de encontro na cidade. Não deixe de visitar o Mercado Municipal Engenheiro Silva, um magnífico exemplo de arquitetura do ferro da segunda metade do século XX, local histórico e de grande importância para a comunidade local. O ponto forte é o peixe, mas oferece grande variedade de produtos frescos, flores, vestuário, vinhos, queijos e talho.
Um oásis verdejante
No Parque das Abadias, o pulmão figueirense, vasto espaço verde que “rasga” a cidade em dois, encontra um lugar para um passeio e um piquenique. Atravessado por uma ribeira que nasce na serra da Boa Viagem, forma um extenso vale refrescante, especialmente apetecível nos meses mais quentes. Está dotado de estruturas de lazer e desporto – power station, no topo norte, campos de basquetebol e futebol, trilho de running e cycling ou equipamentos de manutenção – “as Abadias”, como lhe chamam os locais, é um local indicado para momentos em família. Aqui, encontra ainda a Biblioteca Municipal (Tel. 233402840) e o Centro de Artes e Espetáculos (Tel. 233407200), ambos premiados peças de arquitetura com uma dinâmica agenda de eventos para todas as idades. O Parque conta com uma notável coleção de árvores autóctones portuguesas, algumas monumentais, tais como o Amieiro, os Choupos negro e branco, o Chorão, a Tília, a Azinheira, o Carvalho-roble, o Freixo, a Tipuana, o Carvalho-negral, o Castanheiro e o Pinheiro-manso.
Mergulhar na serra
Na imponente serra da Boa Viagem, para além da rica biodiversidade, da paz e do sossego, pode perder o olhar no horizonte vasto das terras, de um lado, e, do outro, no imenso azul do oceano. No topo e nas encostas, expande-se o frondoso Parque Florestal da Boa Viagem, área protegida com cerca de 400 hectares, cheia de recantos e trilhos que convidam a caminhadas, cycling, contemplação e piqueniques. O Miradouro da Bandeira, além de espaço de descanso e merendas, oferece uma panorâmica ímpar sobre a encosta norte da montanha, o oceano Atlântico e a vasta planície gandaresa, alargando-se a vista até à praia de Mira, ou mais para norte em dias descobertos. Na ponta da serra que mergulha no Atlântico, entre as praias de Quiaios e da Figueira da Foz, encontra o cabo Mondego, monumento natural classificado e protegido desde 2007, com enorme valor geológico e paleontológico, com importantes referências jurássicas. Além do Farol do cabo Mondego e várias praias selvagens, comporta património mineiro, tendo funcionado ali minas de carvão e de exploração de cal hidráulica.
Moinhos e salinas
O Complexo Molinológico de Moinhos da Gândara merece uma deslocação. A referência no mapa é a localidade de Cunhas, freguesia de Moinhos da Gândara. Fica a cerca de 15 minutos da Figueira da Foz e costuma ser palco de diversas iniciativas culturais. Preserva a antiga tradição de moagem com moinhos de vento e de água totalmente funcionais. Recentemente reabilitado, serve como um museu vivo das arquiteturas e práticas agrícolas tradicionais desta sub-região da Gândara, planície costeira de caráter vincadamente rural, marcada pelas dunas, pelas lagoas e pela floresta. Serve como ponto de partida para um passeio pela paisagem gandaresa.
A Ilha da Morraceira é um dos mais belos tesouros da Figueira da Foz. Oferece uma experiência única para quem deseja conhecer a produção de sal artesanal, a flora e fauna do estuário do Mondego, bem como a aquacultura. A certo ponto da história, o rio Mondego divide-se em dois, criando um braço derivativo a que alguns chamam de rio Pranto e volta a encontrar o leito principal antes de desaguar definitivamente no Atlântico. No meio, ficou “estacionada” a ilha da Morraceira, com cerca de 7 km de extensão e 580 hectares de área. Luís Carlos da TimeOff (Tel. 969043675), organiza passeios guiados à ilha. Com trilhos estreitos, mas seguros, os visitantes podem apreciar a beleza ecológica da ilha, enquanto aprendem sobre a produção salineira, de algas, salicórnia e ostras. Além disso, a ilha é famosa pelos flamingos e garças.
Homenagem às gentes do mar
A Casa dos Pescadores da Costa de Lavos (Tel. 233946986) é uma associação concelhia que providencia visitas guiadas sobre a vivência das gentes ligadas ao mar. Possibilita uma incursão pela arte xávega para visualizar desde a saída das redes para o mar até à separação do peixe na chegada à praia. A taberna antiga, com um valioso espólio histórico doado pelas gentes desta aldeia de pescadores, é lugar onde se ouvem contar as aventuras do mar. No edifício “Castelo Engenheiro Silva”, situado em plena Esplanada Silva Guimarães, um lugar de encontros e contemplação da paisagem da Figueira da Foz, integra o Núcleo de Arte Contemporânea Laranjeira Santos (Tel. 233209500), recheado de esculturas deste importante artista plástico, e uma sala de exposições temporárias.
O Núcleo Museológico do Sal (Tel.966344488) na Figueira da Foz, nos Armazéns de Lavos, celebra a relação secular entre a população local e as marinas de sal do estuário do rio Mondego. Verdadeiro ecomuseu, preserva e valoriza a tradição do sal artesanal e o ecossistema das salinas. A área expositiva explora cinco temas: definição de sal, sal na natureza, história do sal em Portugal, tecnologia do sal na Figueira da Foz e preservação da natureza. Toda a envolvente do complexo museológico proporciona experiências únicas. É ponto de partida e de chegada da Rota das Salinas da Figueira da Foz, um passeio de baixa dificuldade que permite a observação de aves. O Núcleo Museológico do Mar (Tel. 233413490) tem como objetivo recuperar e divulgar as memórias históricas e práticas piscatórias das comunidades costeiras da Figueira da Foz. O acervo inclui registos documentais, fotografias, apetrechos e testemunhos orais que revelam as tradições e identidade das comunidades.
A “Rainha das Praias”
Conhecida como a “Rainha das Praias”, na Figueira da Foz há sempre uma praia que combina com o seu estado de espírito. Os toldos de pano com riscas dão um ar pitoresco ao areal urbano da praia de Buarcos, também conhecida por “Praia Dourada”. Aqui, surfistas, sobretudo os de windsurf, cruzam uma das ondas direitas mais longas da Europa. Pela ondulação, a praia de Quiaios é escolhida por surfistas e praticantes de bodyboard para dar uso à prancha. O extenso areal está entre o mar e um conjunto de dunas que garantem privacidade a quem lá estende a toalha. Nas proximidades rume às lagoas do Bom Sucesso e de Quiaios.
Para surfar à noite com segurança, não perca a praia da Claridade, a única no país onde é possível fazê-lo. Perto da foz do Mondego, rodeada de dunas, a praia do Cabedelo tem em acesso através de um passadiço em madeira e é muito procurada por quem faz surf, kitesurf ou bodyboard. Já na praia da Figueira da Foz, também referida como Praia do Relógio, é um dos locais de veraneio mais procurados desde o século XX, tendo sido palco do Mundialito de Futebol de Praia. Uma última sugestão, mais pitoresca, a praia do Molhe Norte, nome que remete para o paredão também conhecido por molhe que entra pelo rio Mondego, onde se costumam alinhar os pescadores. Há quem a trate por “Praia dos Tesos”. Tem uma extensão de areia menor e fica junto ao Forte de Santa Catarina.
Recorde-se que, no verão, a Figueira da Foz dispõe de diversas piscinas de água aquecida em vários areais.
Sames, línguas, espinhaços, chora, caras…
Até dia 24 de novembro, a Figueira da Foz recebe o Festival Gastronómico do Bacalhau e Derivados, que se integra na iniciativa Figueira Com Sabor a Mar. Sames, línguas, espinhaços, chora, caras fritas, bacalhau desfiado, línguas panadas fritas ou de vinagrete, pataniscas são apenas algumas das formas em que surge declinado o “fiel amigo” durante o Festival que lhe é dedicado. Para provar estes petiscos, alguns menos usuais, visite um dos nove restaurantes aderentes, nomeadamente a Casa Mariquinhas, os Restaurantes Caçarola 1 e Caçarola 2, Pep’s, Casa dos Papagaios e Bijou Restaurante A Cantarinha, Restaurante dos Armazéns e Restaurante A Ver o Mar.
Boa Mesa na Figueira
No Guia Boa Cama Boa Mesa de 2024 e distinguido com Selo de Qualidade Recheio, o restaurante Caçarola 2 (Tel. 233426930) faz parte da história da restauração na praia da Claridade. Com localização privilegiada, renasceu graças à remodelação que lhe deu mais dois andares e mais lugares à mesa. Aumentou a garrafeira para uma das mais recheadas da região. Para um rodízio de marisco visite o Restaurante Forte de Santa Catarina (Tel. 233428530). Junto ao mar, além do rodízio, serve peixe no carvão, vários arrozes de marisco, “Caldeirada à pescador”, “Massada de cherne” e “Raia de pitau”, prato da região. Destaque ainda para O Palheiro (Tel. 913896060), restaurante onde a ementa é variada e permite experimentar desde Fritada de peixe à cachupa, carnes variadas, mas também massas e saladas.
Glamour e um charuto
Com Selo de Qualidade Recheio e selecionados para o Guia Boa Cama Boa Mesa de 2024, o Malibu Foz Hotel (Tel.233101300), o único hotel da cidade com piscina, garante recato e privacidade mesmo na época alta. Os extensos jardins são perfeitos para as brincadeiras dos mais novos e o restaurante de inspiração italiana ajuda a recuperar forças. Tem ainda um bar de charutos, El Septimo Lounge. Pode ainda pernoitar noutro hotel selecionado pelo Guia e também premiado com o Selo de Qualidade, o Universal Boutique Hotel (Tel. 233090110), no qual cada piso é alusivo a um aspeto da cidade “Rainha da Costa de Prata”, do glamour dos bailes e do casino às praias e banhistas oriundos do mundo. Os quartos dispõem de varanda sobre a cidade nova e o bar é o ponto de partida para animados serões.
Roteiro de Fim de Semana é uma iniciativa Boa Cama Boa Mesa, com o apoio do Recheio, que semanalmente, ao longo do ano de 2024 vai dar a conhecer os principais eventos gastronómicos, entre festivais, feiras e mostras, que promovem regiões, restaurantes e produtos locais.
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver código de conduta), sem interferência externa.
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