
Luanda viveu um dia de caos. Esta segunda-feira, o início da greve dos taxistas privados foi marcado por barricadas, pneus e contentores de lixo incendiados, pilhagens, confrontos e um morto confirmado por populares.
Pelas ruas da capital angolana, multiplicaram-se imagens de autocarros apedrejados, lojas saqueadas e estradas cortadas. A Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) anunciou, ao final do dia, a suspensão da greve, classificando os atos de vandalismo como responsabilidade de “oportunistas” alheios à classe dos taxistas.
“Para evitar que indivíduos estranhos à classe continuem a perturbar a paz social, a paralisação foi cancelada”, declarou a ANATA.
Um jovem morto, 100 detidos e clima de tensão
Apesar de a Polícia Nacional de Angola (PNA) não ter confirmado oficialmente nenhuma morte, testemunhas afirmaram ter visto um jovem morto no bairro do Camama. Vídeos nas redes sociais também apontam para uma possível segunda vítima em Benguela.
Segundo o porta-voz da PNA, Mateus Rodrigues, foram registados feridos e 100 detenções, mas “não podemos garantir o estado de saúde” de alguns envolvidos, afirmou em conferência de imprensa.
Escolas, bancos e transportes encerrados
A paralisação — prevista para durar três dias — teve repercussões imediatas. O Governo reforçou a segurança nas ruas, vários comércios fecharam mais cedo, e bancos e instituições públicas decidiram não abrir portas até quarta-feira.
O Consulado de Portugal em Luanda emitiu um aviso a desaconselhar deslocações não essenciais, e a empresa de transportes Macon cancelou todas as viagens. Ativistas locais, como Gangsta, também apelaram à população para ficar em casa por segurança.

A instabilidade vivida nesta segunda-feira forçou o recuo da classe organizadora e evidenciou a tensão crescente em torno do aumento do preço dos combustíveis, origem do protesto.