
O pivô da CNN Portugal, José Gabriel Quaresma, apresentou ao Ministério Público um pedido formal para o encerramento do jornal digital Página Um, alegando a existência de “graves irregularidades” e a “disseminação de notícias falsas”. A queixa foi também remetida à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), à Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) e ao Sindicato dos Jornalistas (SJ).
Em reação, o Página Um publicou um artigo onde considera a iniciativa “inédita em democracia”, sobretudo por ser feita por um jornalista de um canal de grande dimensão contra um órgão de comunicação independente. O jornal afirma que as denúncias surgem na sequência da publicação de artigos e de uma crónica satírica que expõem alegadas atividades paralelas de Quaresma, incluindo o trabalho como formador, coach e consultor de comunicação, funções que o Estatuto do Jornalista classifica como incompatíveis com o exercício da profissão.
Segundo o Página Um, o pivô fundou em 2023 a empresa Sardine Conjugation, dedicada a media training, consultoria e coaching, onde detém 70% do capital social e exerce funções de gerente. A publicação sublinha que a sociedade não divulga contas anuais, considerando uma violação da lei, e menciona ainda ligações maçónicas do jornalista, referindo um vídeo de um ritual onde aparece ao lado do antigo deputado do Chega António Pinto Pereira.
José Gabriel Quaresma contra-ataca, acusando o jornal de aceder a documentos privados armazenados no seu computador. O Página Um nega, garantindo que apenas utilizou imagens de acesso público nas redes sociais e no site pessoal do pivô, para evidenciar o que considera serem atividades incompatíveis com o jornalismo.
O jornalista questiona ainda o modelo de financiamento do Página Um, que depende de doações diretas dos leitores, alertando para possíveis condicionamentos à linha editorial e à independência da publicação.