
Cerca de 300 jovens de vários países da Europa participam, até ao final do verão, em ações de vigilância a incêndios, integrados em ações de voluntariado a partir da aldeia de Arrouquelas, no concelho de Rio Maior.
“Todos os dias, entre as 08:30 e as 19:00, dois jovens por turno, um estrangeiro e um português, fazem a vigilância da floresta a partir de uma torre de vigia florestal na Aldeia de Arrouquelas”, disse à agência Lusa o coordenador do projeto desenvolvido pela H2O – Associação de Jovens de Arrouquelas, Alexandre Jacinto.
A situação de alerta declarada pelo Governo no fim de semana – e que proíbe, até às 23:59 de quinta-feira, o acesso, a circulação e a permanência no interior dos espaços florestais previamente definidos nos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios, bem como nos caminhos florestais, caminhos rurais e outras vias que os atravessem – obrigou hoje à suspensão temporária da tarefa.
Mas, segundo Alexandre Jacinto, “assim que for levantada a proibição, voltarão a fazer os turnos na torre onde avistam uma área até Rio Maior, podendo ser, além de vigilantes, agentes dissuasores nesta época de risco de incêndios”.
O projeto, desenvolvido no âmbito do Programa “Florestas e Natureza” do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e do Corpo Europeu de Solidariedade, da Comissão Europeia, vai prolongar-se até ao final de setembro, fazendo com que mais de 300 jovens de diferentes países passem por Arrouquelas, uma aldeia de 700 habitantes no distrito de Santarém.
“Neste momento estão na aldeia 30 jovens, dos quais 14 são turcos, mas o projeto representa uma grande diversidade cultural, juntando jovens de outros países como a Rússia, Bielorrússia, Itália, França, Grécia, Espanha, Alemanha e Roménia”, afirmou.
Em regime de rotatividade, os jovens acampam na aldeia, em grupos de 30, e, além da vigilância sobre a floresta (para a qual recebem formação dos Bombeiros de Rio Maior), dedicam-se a um conjunto de projetos de voluntariado, sustentabilidade e cidadania ativa promovidos pela H2O durante os meses de verão.
“Fazem ações de proteção da natureza, de limpeza de caminhos, de manutenção de espaços verdes, de ajuda a instituições, como um canil e uma associação de recolha de animais”, exemplificou Alexandre Jacinto.
A lista de experiências vai mais longe, “numa aprendizagem mútua em que, por exemplo, os jovens da Turquia, com menos conhecimentos na área da reciclagem, aprendem como se faz e vão de casa em casa, ajudando os idosos a reciclar e a recolher os resíduos”, acrescentou o coordenador do projeto, que este ano terá como novidade “o apoio a uma família na reabilitação de uma habitação degradada”.
Os meses de voluntariado são ainda marcados pela participação na festa da aldeia e por “iniciativas interculturais que trazem um grande dinamismo e movimento a Arrouquelas”, bem como por outras que se estendem pelo concelho, como um almoço que os jovens preparam anualmente para os bombeiros de Rio Maior.
“Num tempo em que as zonas rurais enfrentam desafios de despovoamento e envelhecimento, este é um exemplo inspirador de inclusão, mobilidade internacional e interculturalidade”, afirmou Alexandre Jacinto, fundador da associação.
Há mais de 20 anos que a H2O promove os intercâmbios que todos os verões transformam Arrouquelas na aldeia mais europeia do concelho de Rio Maior.