A planta invasora ‘Amaranthus palmeri S. Watson’ foi encontrada em campos de milho na região do Ribatejo, o que representa uma “grave ameaça” para os ecossistemas, revelou hoje o Instituto Politécnico de Beja (IPBeja).

A planta, uma “espécie invasora originária da América do Norte” tem grande porte (pode atingir os três metros) e “representa uma grave ameaça aos agroecossistemas”, pode ler-se no comunicado divulgado hoje pelo IPBeja.

“Não só pela sua elevada capacidade de reprodução — podendo produzir mais de 60 mil sementes por planta —, mas também, pela sua longevidade e resistência a herbicidas, o que dificulta o controlo e erradicação”, explicou.

A espécie foi detetada em campos de milho na região do Ribatejo através de um trabalho conjunto entre o Instituto Politécnico de Beja e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV).

O IPBeja precisou que a planta é originária do sudoeste dos Estados Unidos e norte do México, mas já se encontra instalada “há alguns anos” em Espanha, nomeadamente nas regiões da Catalunha, Aragão, Estremadura e Andaluzia.

Com uma forte capacidade de adaptação a verões quentes, como é o caso de Portugal, a planta afeta “inúmeras culturas anuais de primavera/verão”, principalmente as culturas do tomate, do girassol e do milho, pode ler-se.

Segundo o IPBeja, devido à fecundação cruzada da planta, “o fluxo de genes é bastante grande”, o que permite “uma grande variabilidade genética” e, consequentemente, o desenvolvimento de “situações de resistência a diferentes famílias de herbicidas”.

“A nível mundial, conhecem-se resistências a nove modos de ação diferentes” contra a espécie e, de momento, não se sabe se as populações da planta presentes em Portugal “são resistentes aos herbicidas utilizados nas culturas mencionadas”, esclareceu o IPBeja.

Na mesma nota, o Politécnico apelou aos agricultores e aos produtores para que reforcem a vigilância no terreno e, em caso de suspeitas, procedam “à rápida comunicação” às entidades competentes para que se contribua “para a proteção da produção agrícola nacional”.

“Chama-se a atenção que, caso ocorra a dispersão de ‘A. palmeri’ no território continental, essa situação poderá ter um grande impacto económico e ecológico nas regiões afetadas”, alertou o IPBeja.

O instituto disse também que os autores da investigação, João Portugal e Isabel Calha, além da elaboração de uma nota explicativa, já publicaram um ‘poster’ de identificação da planta “para apoiar os produtores e técnicos agrícolas na sua identificação e combate”.