
Os incêndios rurais continuam a assolar Portugal, com especial gravidade nos distritos da Guarda, Castelo Branco e Viseu, onde a combinação de altas temperaturas, vento forte e baixa humidade mantém várias frentes de fogo ativas e difíceis de controlar. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) classifica mais de 20 concelhos destes distritos em perigo máximo de incêndio rural.
Situação na Guarda
No distrito da Guarda, a situação permanece particularmente crítica em Trancoso e Sabugal, onde as autoridades descrevem os fogos como “incontroláveis”. As chamas cercaram várias aldeias, forçando evacuações e criando momentos de grande tensão para as populações locais.
A escassez de meios disponíveis para enfrentar a intensidade e dimensão dos incêndios é um dos principais desafios, enquanto a orografia difícil da região dificulta a progressão das equipas de combate.
Situação em Castelo Branco
O distrito de Castelo Branco enfrenta um dos cenários mais graves deste verão. Os fogos com origem em Arganil propagaram-se rapidamente, atingindo o concelho do Fundão e avançando para áreas de São Vicente da Beira e aldeias circundantes.
Mais de 1 600 bombeiros e 560 viaturas encontram-se no terreno, apoiados por meios aéreos, embora os presidentes de câmara tenham alertado para escassez de recursos e necessidade de reforço imediato.
O impacto não se limita às chamas: várias localidades viram-se obrigadas a funcionar com geradores devido à destruição de linhas elétricas e de fibra ótica. A mobilidade também foi afetada, com interrupções temporárias da linha ferroviária da Beira Baixa e de vias como a A23 e a EN18, entretanto já reabertas.
Face ao impacto humano, a Proteção Civil, em articulação com a Cruz Vermelha e a Cáritas, ativou equipas de apoio psicossocial para assistir populações desalojadas e em situação de trauma.
Situação em Viseu
No distrito de Viseu, a meteorologia adversa mantém vários concelhos em alerta máximo. O foco mais preocupante é o incêndio em Vila Chã de Sá, ativo nas últimas 24 horas e com três frentes em evolução, sendo que uma delas já começa a dar sinais de estabilização.
Apesar dos avanços, o combate continua a ser dificultado pela geografia montanhosa e pelo risco de reignição, o que mantém as populações em estado de alerta.
Os distritos da Guarda, Castelo Branco e Viseu enfrentam hoje uma das fases mais críticas da atual vaga de incêndios. Com aldeias ameaçadas, populações deslocadas, infraestruturas destruídas e meios de combate ainda considerados insuficientes, a pressão sobre as autoridades locais e nacionais aumenta.
O Conselho de Ministros, reunido hoje em Viseu, deverá anunciar medidas adicionais de reforço ao combate e de apoio imediato às populações e setores mais afetados, em especial agricultura, habitação e comunicações.
Enquanto isso, a recomendação oficial permanece clara: máxima prudência da população e cumprimento rigoroso das orientações da Proteção Civil.