O verão de 2025 revela-se um dos mais negros da última década. Os incêndios florestais já reduziram a cinzas 142 244 hectares de território, quase 18 vezes mais do que em igual período de 2024, segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Este é já o segundo pior registo da década, apenas superado pela tragédia de 2017, quando as chamas devastaram mais de 164 mil hectares. Desde janeiro, deflagraram 6296 fogos, dos quais 4739 em terrenos agrícolas, revelando o impacto não apenas ambiental, mas também económico e social.

A destruição tem-se espalhado por várias aldeias do país, deixando famílias sem casa, sem bens e sem o trabalho de uma vida. São visíveis os rostos de desilusão de quem trabalhou uma vida inteira e que em segundos perdeu tudo, como o caso de um jovem que acabou de reconstruir um armazém que o fogo de 2017 tinha-lhe levado e em 3 minutos o novo armazém ficou reduzido em cinzas e escombros.

O cenário não se limita a acidentes ou condições meteorológicas extremas. Também há casos de fogo posto. Em Pinhel, uma mulher de 32 anos foi detida por atear incêndios intencionalmente para assustar vizinhos, com quem mantinha desavenças. A suspeita encontra-se em prisão preventiva.

No terreno, o combate mobiliza bombeiros, militares da GNR, sapadores e voluntários, numa luta diária contra um inimigo que já transformou aldeias inteiras em cinzas.