Os representantes de quatro multinacionais — Airbus, Cosmehub, Constellation Automotive Group Tech Hub e Open Cosmos — revelaram na tarde de hoje, dia 3 de julho, em Coimbra os motivos por detrás da escolha da cidade para fixar as suas empresas.

No dia em que se anunciou o nascimento em Coimbra da Cineway, a primeira incubadora audiovisual e de cinema do país, revelou-se ainda que a Cultura e as Indústrias Criativas vão constituir o quinto cluster do Coimbra Invest Summit (Coimbra IS) a integrar na 4ª edição do evento, em 2026, realça em nota a autarquia.

Na sessão de encerramento, o presidente da Câmara de Coimbra sublinhou o reconhecimento por parte dos empresários do “the Coimbra way” — a forma como Coimbra tem recebido os empresários no concelho: com grande foco na sinergia entre as instituições, “o que foi valorizado pelas empresas vindas do exterior que se instalaram no nosso concelho”.

O encerramento contou com também com a presença do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Silvério Regalado, que afirmou que a autarquia de Coimbra pode contar com o seu apoio na resolução dos problemas do concelho, com destaque para o dossier dos transportes.

Atrair mais e maiores empresas ao território foi, desde o início, um dos desígnios do mandato do atual Executivo. Na mesa “Porquê Coimbra? O crescimento das multinacionais no território”, Jorge Cano-Martínez (Open Cosmos), Luís Figueiredo (Cosmehub), Madalena de Sá (Airbus) e José Gaspar (Constellation Automotive Group Tech Hub), representantes de quatro multinacionais que se fixaram no concelho nos últimos anos, responderam a esta questão. Todos concordam que o trabalho de apoio das instituições locais e a concertação entre si foi fundamental na escolha da cidade para fixarem as suas empresas – a forma como Coimbra recebe as empresas (“the Coimbra way”, caracterizou Jorge Cano-Martínez, gestor de missão sénior da empresa britânica Open Cosmos).

“Não só Portugal permitia abrir o mercado internacional de forma mais próxima, como Coimbra, em específico, exibia já um sistema de parceiros à imagem do que vimos no Reino Unido”, afirmou Cano-Martínez. Outra razão dada para a fixação em Coimbra foi “a visão institucional direcionada para o futuro, que encontra no Espaço uma área chave”, e que a empresa encontrou em Coimbra. A empresa anunciou hoje a compra da start-up Connected, criada há dois anos no Instituto Pedro Nunes (IPN). O negócio foi realizado com o objetivo de “atingir mercados maiores”. A Open Cosmos irá agora fabricar os seus primeiros satélites em Portugal.

Para José Gaspar, diretor de produto na Constellation Automotive Group Tech Hub, a companhia sabia que tinha de estar na Europa. “Procurámos nos Países Baixos, Roménia, Polónia; contudo, Portugal está na mesma zona horária do Reino Unido. Sabíamos também que, em Portugal, não queríamos Lisboa ou Porto. Não queríamos competir pelo mesmo talento, mas por todo o talento [do país], afirmou”. A concentração de instituições de ensino superior, não só em Coimbra mas também à volta, aliada à mobilidade hoje mais rápida e barata entre o Reino Unido e Coimbra do que em voos domésticos, foram também motivos para a fixação da empresa em Portugal. “É possível ver o investimento em infraestrutura [que a autarquia tem feito para acolher as empresas]”, sublinhou, com o esforço feito pelas equipas no apoio prestado à empresa, com acompanhamento de visitas a locais para instalação ou mesmo com a realização de visitas na impossibilidade da empresa.

“Na primeira visita que fizemos à cidade, havia um alinhamento de todas as instituições no sentido de atrair empresas para o futuro, o que, certamente, contribuiu para a Airbus se estabelecer na cidade”, garantiu Madalena de Sá, Public Affairs e Global Head of Integrated Finance & Procurement da Airbus. A empresa acabou por escolher Coimbra pela ligação à universidade, com “várias faculdades” disponíveis, o que oferece simultaneamente “diversidade e especialidade”, explicou.“A intenção da Airbus é continuar em Coimbra, e se houver planos de crescimento, que há, […] Coimbra pode fazer a diferença com o foco nas pessoas”, fornecendo condições aos jovens e às suas famílias para se fixarem, declarou a representante da Airbus.

“A cidade de Coimbra tem um potencial muito grande”, elogiou Luís Figueiredo, fundador da Pharmilab (empresa criada no Instituto Pedro Nunes (IPN) há 12 anos) e cofundador da Cosmehub, consórcio da área da cosmética com a empresa brasileira Di Fiorenna.  As instalações da futura Cosmehub encontram-se atualmente em construção no Coimbra iParque e estarão em laboração no início do próximo ano, com 80 a 100 pessoas numa fase inicial. “Trabalhamos muito com grandes multinacionais e com pessoas que visitam Coimbra de diversos países. A verdade é que estas pessoas ficam surpreendidas: Coimbra é uma cidade que tem tudo o que é necessário”, clarifica.

Na mesa “Do Local ao Global: Como escalar um negócio com sucesso”, que antecedeu este painel, a diretora-geral da multinacional com produção em Coimbra SRAM PORT, Isabel Gomes, e a CEO e cofundadora da ISS Ínclita Seaweed Solutions, Ana Catarina Guedes, convergiram no facto de verem no mercado europeu o maior dinamizador dos seus negócios.

A tarde do segundo dia do Coimbra IS abriu com dois workshops organizados pela Universidade de Coimbra (UC) e pelo Politécnico de Coimbra (IPC), que trouxeram os temas mais quentes sobre a inovação aplicada aos negócios, e com o Demo Day, sessão de pitches promovida pelo Ineo Start, que recebeu apresentações de oito start-ups.

Ao início da tarde, o workshop “A cibersegurança nos negócios”, promovido pelo Clube MBA FEUC, recebeu Paulo Rupino da Cunha, professor de Sistemas de Informação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que falou perante uma plateia de cerca de 300 pessoas sobre questões técnicas de cibersegurança. Rupino da Cunha respondeu a perguntas do público  e apelou à formação e literacia em cibersegurança.

O workshop “A Inteligência Artificial nos negócios”, liderado por Manuel Dias, decorreu perante uma plateia igualmente cheia e focou-se na revolução trazida pelos modelos LLM (Large Language Model) de inteligência generativa (Generative Pre-trained Transformers), mais reconhecidos pelos modelos ChatGPT, Deepseek ou Claude, entre outros. O workshop foi promovido pela Coimbra Business School do Politécnico de Coimbra.

A terceira edição do Coimbra IS acolheu o anúncio da inclusão do cluster Cultura e Indústrias Criativas na próxima edição do evento, que em breve vai começar a ser delineado com os parceiros, feito pelo presidente da Câmara Municipal (CM) de Coimbra, José Manuel Silva, e pelo presidente da Associação Caminhos, Tiago Santos. “Queremos que Coimbra seja uma referência internacional no Cinema”, asseverou o presidente da CM de Coimbra.

À sessão de encerramento sucedeu-se a Sunset Party by Forum Coimbra, um momento informal de partilha e convivência proporcionado pelo Coimbra IS aos participantes, na Caixa de Palco do Convento São Francisco.