Já somos vizinhos com estes nomes há mil anos.
E, mesmo antes de sermos chamados assim, já por aqui andávamos. A Trofa não levará a mal que tenhamos cumprimentado quem conhecemos há mais tempo.
São Martinho é paróquia vizinha de Santa Marinha de Lousado, que nasceu nas duas margens do Ave — os nossos antepassados gostavam tanto das belas vistas que fizeram a terra assim, dos dois lados.

Por isso, a fronteira nunca foi o rio. Segundo se lê no Tombo de 1546, redigido pelo juiz apostólico, Antonio Periz, ela seguia da Fonte da Esprela até ao amieiro da azenha do Ave, hoje, perto da ponte de ferro.

Demo-nos sempre bem. Tão bem que, no fim do século XX, antes ainda de serem concelho, para estarmos ainda mais perto, empurraram discretamente — e com carinho — os limites uns poucos de hectares para o nosso lado, até ao lugar da Bouça Marinha, já ali bem junto ao restaurante da Cepa.

É bom estar mais perto dos amigos. Mas agora, com esta nova ponte, já não será mesmo necessário empurrar a fronteira mais um bocadinho. Na verdade, a fronteira afetiva nunca existiu. Famílias de um lado casaram do outro, trabalharam aqui, estudaram aí — ou o contrário.
Com a nova ponte, ficamos mais próximos — de carro. Porque do coração, já estávamos.

Há 40 anos, a creche e o jardim de infância do Colégio Mundos de Vida foram também os primeiros para a Trofa. Centenas de crianças de São Martinho deram os primeiros passos deste lado. Agora, procuram também a nossa Escola Bilingue.

Mas também se está muito bem desse lado — íamos ao Cruzarte e vamos agora à feira, procurar o hospital. Estejam à vontade. Entre amigos é assim. Continuem a vir tirar fotografias — este lado dos três rios é mais verde. E, já que cá estão, passem pela ínsula da Lagoncinha ou pelo Museu Ferroviário, coração da linha férrea que há 150 anos une margens através da ponte de ferro. Hoje, com a nova ponte, continuamos esse caminho.

Para tornar este momento festivo ainda mais memorável, só falta resolver um pormenor: que nome dar à ponte?
Primeiro resolva-se a quem pertence. Fácil: quanto ao betão, pode ficar rigorosamente metade para cada um.

E o nome? Com velhas pontes a marcar o lugar, a palavra “nova” impõe-se quase naturalmente. Soa bem: “Ponte Nova de Lousado”. E os amigos vizinhos também podem pensar o mesmo: “Ponte Nova da Trofa”.

Lousado já tem a Ponte da Lagoncinha, com mil anos. A palavra “nova” contrasta de forma excelente com essa antiguidade, mas também encaixa bem na paisagem da ponte rodoviária da Trofa, com os seus noventa anos.

Para que a ponte una, como a velha Ponte de Ferro tem unido, há tanto tempo, que fique então simplesmente “Ponte Nova” para os dois. Do lado de cá, “de Lousado”; para quem está aí, “da Trofa”.
E no espírito que nos canta Pedro Abrunhosa: “Que nunca caiam as pontes entre nós.”

A partir deste dia, estamos ainda mais perto.
Bem-vindos à grande Lousado.

Abraços,
Colégio Mundos de Vida