À medida que se aproximam as eleições autárquicas de 2025, várias câmaras municipais portuguesas têm optado por aumentar significativamente os investimentos em festas tradicionais, numa prática que levanta questões sobre prioridades orçamentais e influência eleitoral.

Em Oeiras, o reforço financeiro foi notório. A autarquia, liderada por Isaltino Morais, destinou mais 202 mil euros às festividades comparativamente ao ano anterior. Entre os artistas contratados destacam-se nomes de grande apelo popular, como Tony Carreira, Mariza e Matias Damásio, reforçando a atratividade dos eventos junto da população e turistas.

Outros municípios seguem a mesma tendência. A Câmara Municipal de São Pedro do Sul aumentou em 44 mil euros os gastos com as Festas da Cidade, enquanto a autarquia de Mirandela destinou mais 17 mil euros face ao exercício anterior. Estes acréscimos refletem não apenas a valorização cultural das festas, mas também uma estratégia que, implicitamente, pode funcionar como mobilizador de opinião e presença junto do eleitorado.

A relação entre orçamento municipal e calendário eleitoral suscita debate sobre a eficácia da alocação de recursos públicos. Para os cidadãos, estas festividades proporcionam lazer e identidade local; para os analistas, tornam-se indicadores da forma como o poder político local se aproxima da população em períodos críticos, como o das eleições.

A prática não é inédita, mas volta a chamar atenção para o equilíbrio delicado entre cultura, entretenimento e responsabilidade financeira, sobretudo quando os investimentos adicionais coincidem com um aumento visível na visibilidade política dos autarcas em exercício.