
A taxa de esforço exigida às famílias portuguesas para arrendar casa subiu para 83% no segundo trimestre de 2025, enquanto o esforço para comprar casa manteve-se estável nos 71%. Os dados são do portal idealista, que analisou a evolução do peso dos encargos com habitação nos rendimentos familiares entre os segundos trimestres de 2024 e 2025, tanto no mercado de arrendamento como na aquisição.
Arrendamento: subida generalizada e níveis incomportáveis
A situação mais crítica verifica-se no mercado de arrendamento, onde nenhuma capital de distrito apresenta atualmente uma taxa de esforço dentro dos limites recomendados (33%). A média nacional fixou-se nos 83%, o que significa que, em média, os portugueses têm de gastar mais de quatro quintos do seu rendimento líquido só para pagar a renda de casa.
Faro destaca-se como o caso mais extremo, com um salto de 20 pontos percentuais face ao ano anterior, atingindo agora os 90%. Também o Funchal regista um esforço de 89%, seguido de Lisboa com 83%. No Porto, a taxa de esforço para arrendar é de 71%.
As cidades onde arrendar casa pesa menos no rendimento são Castelo Branco e Guarda (ambas com 34%), Beja e Portalegre (35%). Ainda assim, todas estas superam o limiar recomendado.
Taxas de esforço no arrendamento – 2.º trimestre de 2025 (maiores valores):
Faro – 90%
Funchal – 89%
Lisboa – 83%
Ponta Delgada – 75%
Porto – 71%
Capitais com menor esforço no arrendamento:
Castelo Branco – 34%
Guarda – 34%
Beja – 35%
Portalegre – 35%
Compra de habitação: esforço elevado, mas mais estável
No que diz respeito à compra de casa, a média nacional da taxa de esforço manteve-se inalterada face a 2024, fixando-se nos 71%. Ainda assim, este valor está mais do dobro do recomendado e apenas seis capitais de distrito conseguem manter a prestação da casa abaixo do limiar dos 33%.
A cidade mais penalizadora continua a ser Lisboa, onde comprar casa representa 108% do rendimento médio familiar – ou seja, torna-se praticamente impossível para a maioria das famílias. Seguem-se Faro e Funchal, ambas com 96%.
As variações mais significativas registaram-se no Funchal e em Vila Real, com descidas de 14 pontos percentuais, reflexo da descida das taxas de juro. Já Setúbal foi onde a taxa mais subiu (6 p.p.).
Taxas de esforço na compra – 2.º trimestre de 2025 (maiores valores):
Lisboa – 108%
Faro – 96%
Funchal – 96%
Aveiro – 72%
Porto – 69%
Capitais com taxa de esforço inferior ao recomendado (33%):
Vila Real – 27%
Beja – 23%
Portalegre – 22%
Bragança – 22%
Guarda – 17%
Castelo Branco – 17%
Metodologia
A taxa de esforço é um indicador que mede o peso do custo da habitação no rendimento líquido familiar. No caso do arrendamento, considera-se a percentagem anual do rendimento dedicada ao pagamento da renda, com dados de preços fornecidos pelo idealista e rendimentos médios apurados pelo INE. Para a compra de casa, o cálculo tem por base as prestações de crédito para imóveis com características médias, tendo em conta a evolução das taxas de juro divulgadas pelo Banco Central Europeu.
O estudo evidencia que o acesso à habitação em Portugal continua a ser um desafio severo, em especial no mercado de arrendamento, onde o peso da renda atinge níveis considerados insustentáveis para a maioria das famílias.
Fote: Idealista