
Durante três dias, trinta nómadas digitais e empreendedores de dezoito nacionalidades percorreram o Alentejo numa experiência imersiva que terminou na sexta-feira,18 de julho.
A iniciativa, designada AlenteJourney Roadshow, teve como objectivo dar a conhecer as potencialidades da região para o acolhimento de profissionais em regime de trabalho remoto e promover o território como espaço de inovação, criatividade e qualidade de vida.
Organizado pelo Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), no âmbito do projecto eGames Lab, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o roadshow arrancou em Lisboa a 16 de Julho e percorreu várias localidades alentejanas, com paragens em Borba, Vila Viçosa, Montemor-o-Novo, Marvão, Monsaraz, Alvito e Évora. Os participantes tiveram ainda oportunidade de conhecer paisagens naturais emblemáticas, como o Lago Alqueva e o Parque Natural da Serra de São Mamede.
Segundo António Vieira, membro da organização, o objectivo foi claro: «mostrar um pouco do Alentejo, do muito que já foi feito e do muito que irá ser feito para atrair estes profissionais para uma região que tem tanto potencial». Ao longo da viagem, os participantes tiveram contacto com «infraestruturas criadas pelas autarquias e por entidades públicas e privadas», tendo demonstrado, segundo o responsável, «grande interesse pelo lifestyle do Alentejo». «Estão à procura de algo que não existe nos seus países, como esta calmaria e qualidade de vida», referiu, acrescentando que muitos deles «ficaram a trabalhar à beira do Lago Alqueva, algo que nunca imaginaram ser possível».
Em Marvão, a comitiva foi recebida por Tiago Teotónio Pereira, vogal executivo do Programa Regional Alentejo 2030. No dia 17, ocorreu uma passagem por Vila Viçosa e decorreu um jantar em Monsaraz com a presença do presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, José Manuel Santos. Já em Évora, no último dia, os participantes visitaram a sede da candidatura Évora 2027 – Capital Europeia da Cultura, onde foram recebidos por António Costa da Silva, num momento dedicado à articulação entre cultura, inovação e desenvolvimento regional. O encerramento teve lugar no PACT, onde os visitantes conheceram o ecossistema de inovação local e empresas tecnológicas instaladas no parque.

Flor dos Reis, nómada digital de origem argentina residente no Algarve, considerou que a iniciativa foi uma forma eficaz de dar a conhecer a diversidade do território: «Foram três dias intensos, visitámos diferentes lugares do Alentejo e acho que é uma ideia muito boa para dar a conhecer o seu potencial». A participante acredita que a região pode atrair diferentes perfis de trabalhadores remotos, desde que exista uma estratégia clara: «Os nómadas digitais são muito diversos. É importante perceber que tipo de pessoas o Alentejo quer atrair e o que pode oferecer a cada uma delas».
Apesar de manter ligações pessoais e profissionais ao Algarve, onde vive há quatro anos, Flor manifesta interesse em colaborar com projectos no Alentejo: «Gostava muito de ajudar a criar coisas aqui também. É importante desenvolver outras regiões para além de Lisboa e Porto. Há muitas experiências possíveis e tenho muito interesse em acompanhar o que está a ser feito, nomeadamente com Évora 2027».

Também o português Diogo Cunha, autor do blogue Nómada Digital, participou na iniciativa. Para si, esta experiência superou expectativas: «O Alentejo que nos mostraram foi tudo menos parado. Intenso, dinâmico, vive-se cá». Acostumado a visitar o litoral alentejano, reconheceu agora as potencialidades do interior: «Temos todas as infraestruturas para trabalhar remotamente, e ainda incentivos ao arrendamento e ao empreendedorismo. Fixarmo-nos no interior é excelente».
O nómada considera ainda que a região tem características únicas para quem procura uma vida mais tranquila: «O Alentejo oferece algo que Lisboa ou o Porto não oferecem por norma: a necessidade de parar. O tempo aqui ganha outro ritmo». E acrescenta que iniciativas como a Capital Europeia da Cultura podem ter um papel mobilizador: «Acredito que a Évora 2027 será um portão de entrada para que mais pessoas venham viver e trabalhar aqui».
Com uma abordagem estratégica e um programa cuidadosamente desenhado, o AlenteJourney cumpriu o objectivo de posicionar o Alentejo como território competitivo no acolhimento de profissionais nómadas e empreendedores digitais, valorizando simultaneamente os recursos locais, a identidade cultural e a capacidade de inovação do interior do país.