Pirolitos, amonas, e crianças a explorar a areia e o mar, tudo isto leva, muitas vezes, a ingestão de água salgada. Mas terá este consumo problemas para a nossa saúde?

Se o consumo for residual, a resposta é não. Porém, se falarmos de quantidades maiores, a resposta já é outra.

"O problema de beber água do mar é que, para mamíferos terrestres como nós, beber água salgada causa desidratação. Existem alguns mamíferos terrestres que ocasionalmente bebem água do mar, como lontras e leões marinhos, mas mesmo mamíferos marinhos como baleias e golfinhos não dependem da água do oceano para se manterem hidratados internamente", lê-se no Interesting Engineering.

A questão, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, é que, para manter um equilíbrio saudável de sal no sangue, qualquer excesso de sal precisa ser filtrado pelos rins e convertido em urina.

Como o nosso corpo não consegue produzir urina mais salgada do que o nosso sangue, e a água do oceano tem normalmente três vezes mais sal do que o nosso sangue, os nossos rins precisariam de produzir um volume de urina maior do que o volume de água que ingerimos ao beber água do mar.

Para obter essa água, os rins retirariam água doce de outras fontes disponíveis no nosso corpo, como as nossas células, e isso pode levar à desidratação e à morte em pouco tempo.

Se uma pessoa consumir água salgada na tentativa de saciar a sede poderá ter uma série de riscos e efeitos colaterais que podem comprometer significativamente a sua saúde. Atente nos riscos apresentados pelo site da Ecosoft.

1- Aumento da desidratação

A preocupação mais imediata e urgente associada ao consumo de água salgada é o agravamento da desidratação. Contrariamente à noção intuitiva de que ingerir qualquer tipo de água hidrata o corpo, o alto teor de sal na água do mar perturba o equilíbrio dentro das células. Como resultado, o corpo é obrigado a libertar mais água do que absorve, na tentativa de expelir o excesso de sal.

2- Náuseas e vómitos

Além da ameaça imediata de desidratação, a elevada concentração de sal na água salgada pode provocar náuseas e vómitos. O corpo reage ao influxo excessivo de sal tentando expeli-lo através de vómitos, esgotando ainda mais os preciosos fluidos. Estes sintomas não só intensificam o estado de desidratação, como também introduzem desconforto e angústia adicionais a um sistema já comprometido.

3- Desequilíbrios eletrolíticos

Os eletrólitos, como o sódio e o potássio, desempenham um papel crucial na manutenção do equilíbrio elétrico do corpo e no apoio a várias funções fisiológicas. Beber água salgada perturba esse equilíbrio delicado, levando a desequilíbrios eletrolíticos. A ingestão excessiva de sódio, em particular, pode ter efeitos em cascata no coração, músculos e nervos. Podem manifestar-se ritmos cardíacos irregulares, espasmos musculares e distúrbios neurológicos, representando sérios riscos à saúde.

4- Esforço renal

Os rins, responsáveis por filtrar resíduos e regular o equilíbrio de fluidos, são os mais afetados quando a água salgada é introduzida no sistema. A luta para excretar o excesso de sal coloca uma pressão indevida sobre esses órgãos vitais, podendo levar à disfunção renal ao longo do tempo. O risco de cálculos renais e outras complicações renais aumenta, destacando as consequências a longo prazo de submeter os rins ao desafio de processar água salgada.

5- Distúrbios digestivos

O sistema gastrointestinal também é afetado pelos estragos causados pelo consumo de água salgada. Além de provocar náuseas e vómitos, o elevado teor de sal pode causar distúrbios gastrointestinais, provocando diarreia e dores abdominais. Estes sintomas contribuem ainda mais para a perda de líquidos e agravam o estado geral de desidratação.