A indústria das motos de dois tempos perde um dos seus últimos bastiões com o fim da produção da Langen Two Stroke 250. A emblemática máquina britânica, limitada a apenas 100 unidades, deixa de ser fabricada devido às crescentes dificuldades de homologação na Europa. A decisão reflete um desafio crescente para pequenas marcas que tentam manter vivo o espírito das motos clássicas face às exigências regulatórias.

Lançada em 2022 pela Langen Motorcycles, a Two Stroke 250 rapidamente conquistou o coração dos entusiastas graças ao seu motor bicilíndrico em V de 249,5 cc e 76 cv, desenvolvido pela italiana Vins. Com um design retro e um desempenho de alto nível, a moto tornou-se um objeto de desejo para colecionadores e puristas da condução. No entanto, o seu percurso foi curto e, segundo Christofer Ratcliffe, fundador da Langen, a burocracia europeia foi um dos principais entraves para a continuidade do modelo no mercado.

Apesar das restrições europeias, a Two Stroke 250 encontrou compradores em outras partes do mundo. O Japão, por exemplo, já recebeu duas unidades, adaptadas às normas locais com ABS específico. Outras encomendas para o país estão a caminho, assim como uma unidade destinada à Nova Zelândia. Nos Estados Unidos, o interesse pelo modelo também tem vindo a crescer, sinalizando que ainda há espaço para motos de dois tempos fora do Velho Continente.

Com a produção da Two Stroke 250 oficialmente encerrada, a Langen Motorcycles volta-se agora para um novo projeto ambicioso: a Lightspeed. Esta cruiser musculada, equipada com um motor V-twin de 1.190 cc derivado da Buell, promete 185 cv de potência e um design agressivo, pronto para competir com modelos de renome como a Ducati Diavel V4.

Para conseguir comercializar a Lightspeed na Europa, a Langen lançou uma campanha de crowdfunding para angariar 600.000 libras esterlinas (aproximadamente 713 000 euros). O valor será usado para adquirir a maquinaria necessária e cumprir as rigorosas normas de homologação europeias. Paralelamente, a marca trabalha numa versão turboalimentada da Lightspeed, com previsões de potência a rondar os 300 cv, tornando-a uma das motos de produção mais potentes do mundo.

O caso da Langen Two Stroke 250 expõe um dilema cada vez mais comum no setor motociclístico europeu: a sobrevivência das pequenas marcas face às regulamentações cada vez mais exigentes. O fim deste modelo não é apenas o adeus a uma moto icónica, mas um reflexo da crescente dificuldade de manter vivos conceitos tradicionais num mercado dominado por normas ambientais e burocráticas.

A Langen pode ter dado um passo em frente com a Lightspeed, mas para os fãs das motos de dois tempos, o desaparecimento da Two Stroke 250 marca o fim de uma era. Resta saber se, no futuro, ainda haverá espaço para estas máquinas apaixonantes no mercado europeu.

Source: Todocircuito